Confirmados mais de 1.100 casos de infecção e 29 mortes na Itália
As autoridades turísticas italianas temem que o novo coronavírus possa causar mais danos à indústria do que os ataques terroristas de 11 de setembro, já que o número de casos confirmados no país ultrapassou a marca dos 1.100 e as mortes subiram para 29.
As autoridades informaram que o total de casos confirmados na Itália subiu para 1.128, um aumento de 27% em relação às 24 horas anteriores. A grande maioria está em três regiões do norte, todas economicamente produtivas e entre as mais visitadas do país: Lombardia, Veneto e Emilia Romagna.
Mais oito pessoas infectadas com o coronavírus morreram desde sexta-feira à noite, todas idosas e todas nas mesmas três regiões, segundo as autoridades de proteção civil.
O aumento acontece apesar das fortes medidas destinadas a conter a propagação do vírus – incluindo o isolamento de 11 cidades com uma população combinada de mais de 50.000 pessoas. As autoridades sanitárias advertiram que o impacto das medidas adotadas há uma semana não resultariam na diminuição do número de casos até cerca de 14 dias – o período de incubação – ter decorrido.
“Os casos que estamos verificando, provavelmente, teriam sido contraídos antes da adoção dessas medidas,″ disse Silvio Brusaferro, presidente do Instituto Nacional de Saúde.
Ainda assim, o aumento constante do número de casos deve ter causado mais pressão sobre a indústria turística italiana, principal motor econômico de um país famoso por seus museus de classe mundial, sítios arqueológicos, cidades de arte e belezas naturais.
A assessoria do governo dos EUA está pedindo aos americanos que reconsiderem a viagem à Itália devido à propagação do coronavírus é o “golpe final” para a indústria do turismo do país, disse neste sábado (29) o chefe da federação de hotéis da Itália.
O Departamento de Estado dos EUA emitiu um alerta de nível três – o segundo nível mais alto de alerta – para toda a Itália no final desta sexta-feira (28), dizendo que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças haviam recomendado “evitar viagens não essenciais”.
Mais de 5,6 milhões de americanos visitam a Itália a cada ano, o segundo maior grupo nacional atrás dos alemães, de acordo com as estatísticas mais recentes. Eles representam 9% dos turistas estrangeiros na Itália, e estão entre os maiores gastadores com uma média de 140 euros por dia para um total coletivo de 5 bilhões de euros por ano, disse a federação hoteleira Federalberghi.
“Já havíamos registrado uma desaceleração da vinda de americanos à Itália nos últimos dias”, disse o presidente da Federalberghi, Bernabo Bocca, em um comunicado. “Agora, o golpe final chegou.”
A federação italiana de turismo Assoturismo já alertava que o setor, que gera 13% do PIB italiano, corria o risco de colapso devido ao impacto do surto do vírus nas viagens.
As reservas de março caíram 90% em Roma e 80% na Sicília, disse Assoturismo, referindo-se a partes da Itália não atingidas pelo vírus até agora. O grupo do setor estimou que o cancelamento das reservas para março causaria 200 milhões de euros em prejuízos econômicos – e isso foi antes dos EUA atualizarem seus avisos sobre viagens à Itália.
“Este é o momento mais sombrio”. Nem mesmo o 11 de setembro atingiu o setor tão fortemente,″ disse o presidente da federação, Vittorio Messina, referindo-se aos ataques terroristas de 2001 nos Estados Unidos.
O governo italiano tomou medidas no final da sexta-feira (28), para ajudar a indústria do turismo, como o adiamento dos prazos para pagamento de impostos e uma moratória sobre hipotecas da indústria.
O Bocca, da federação hoteleira, considerou as medidas insuficientes e pediu a todos os níveis de governo que adotassem medidas urgentes para garantir o fluxo de caixa aos operadores turísticos, a fim de proteger os empregos e evitar “o colapso da indústria″ que opera 300 mil empresas e emprega 1,5 milhões de pessoas”.
A Lombardia, que inclui a capital financeira do país, Milão, é responsável por pouco mais da metade dos casos, enquanto Veneto e Emilia-Romagna têm 18% e 20%, respectivamente. Onze cidades forma isoladas, bloqueando os movimentos de mais de 50.000 pessoas que vivem e trabalham a uma hora de carro de Milão.
Todas as três regiões fecharam escolas. Em Veneto e na Lombardia, os fechamentos também atingiram museus, teatros, cinemas e a maioria dos escritórios públicos, esvaziando centros urbanos como Milão, onde muitas empresas permitiram que os funcionários de escritórios pudessem fazer seus trabalhos a partir de suas casas.
Alguns restaurantes e lojas de bairro permaneceram fechados, e mesmo aqueles que abriram tinham apenas um punhado de mesas. A companhia regional de trens, Trenord, disse que o seu transporte semanal tinha sido 40% do normal.
Um restaurante de Milão, la Rava e la Fava, colocou um anúncio na seção local do jornal diário Corriere della Sera para atrair os clientes de volta. Sob as palavras ”Kill Virus″ e uma foto que lembra o personagem de Uma Thurman em ”Kill Bill”,″ o anúncio apelou a ”racionalidade”, e destacou a higiene exemplar do restaurante.
Em quase 15 anos de atividade, nunca espirramos em ninguém, nem nunca espirraremos, porque foi assim que a nossa avó nos ensinou,″ diz o anúncio. Assinando: ”Um lugar seguro.″
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