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Alemanha e Polônia afirmam que não enviarão tropas à Ucrânia enquanto Kremlin ameaça ampliação do conflito

Líderes europeus descartam envio de tropas à Ucrânia, enquanto a Rússia alerta para inevitabilidade de conflito direto com a OTAN.

Bruxelas, Bélgica – 28 de fevereiro de 2024 – Alemanha e Polônia afirmaram nesta terça-feira (27), que não enviarão tropas para a Ucrânia, após relatos de que alguns países ocidentais consideravam tal ação diante do terceiro ano da guerra com a Rússia.

O chefe da NATO também afirmou que a aliança militar liderada pelos EUA não tem planos de enviar tropas à Ucrânia, após líderes da Europa Central confirmarem que também não fornecerão soldados.

O Kremlin, por sua vez, alertou que um conflito direto entre a OTAN e a Rússia seria inevitável se a aliança enviar tropas de combate. “Neste caso, precisamos falar não sobre probabilidade, mas sobre inevitabilidade (do conflito)”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

A ameaça de Moscou veio um dia depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o envio de tropas ocidentais não deveria ser descartado no futuro, após sediar uma conferência de autoridades de mais de 20 apoiadores ocidentais da Ucrânia.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, parece ter uma visão diferente do que aconteceu em Paris. Ele afirmou que os participantes concordaram “que não haverá tropas terrestres, nenhum soldado em solo ucraniano enviado por estados europeus ou estados da NATO”.

Scholz disse também que houve consenso “de que os soldados operando em nossos países também não estão participando ativamente da guerra“.

Com Macron cada vez mais isolado e políticos de oposição na França criticando furiosamente sua sugestão de considerar o envio de tropas, o governo francês buscou esclarecer os comentários na terça-feira.

O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, afirmou que houve discussões, mas nenhum consenso na conferência sobre realizar operações de desminagem e treinamento militar na Ucrânia, longe das linhas de frente.

“Não se trata de enviar tropas para fazer guerra contra a Rússia”, disse o ministro.

A ideia de enviar tropas tem sido tabu, especialmente enquanto a NATO busca evitar ser arrastada para uma guerra mais ampla com a Rússia, uma potência nuclear. Nada impede que membros da NATO participem individualmente ou em grupos, mas a organização em si só se envolveria se todos os 31 membros concordassem.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse à Associated Press que “os aliados da NATO estão fornecendo apoio sem precedentes à Ucrânia. Fazemos isso desde 2014 e intensificamos após a invasão em grande escala. Mas não há planos para tropas de combate da NATO em solo ucraniano”.

Em uma reunião em Praga nesta terça-feira, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou: “A Polônia não planeja enviar suas tropas para a Ucrânia”. O primeiro-ministro Petr Fiala, da República Tcheca, insistiu que seu país “certamente não quer enviar seus soldados”.

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, disse que seu governo não está planejando propor um envio, mas que alguns países estão considerando fazer acordos bilaterais para fornecer tropas e ajudar a Ucrânia a resistir à invasão russa.

Fico não forneceu detalhes sobre quais países ou o que as tropas fariam na Ucrânia. Macron, também, evitou nomear países, dizendo que deseja manter uma “ambiguidade estratégica” e não revelar as cartas do Ocidente para a Rússia.

A NATO como uma aliança fornece à Ucrânia apenas assistência não letal, como suprimentos médicos, uniformes e equipamentos de inverno, mas alguns membros enviam armas e munições por conta própria, bilateralmente ou em grupos.

A decisão de enviar tropas e mantê-las desdobradas a longo prazo exigiria as capacidades de transporte e logística que apenas países como EUA, Reino Unido, França, Alemanha e possivelmente Itália, Polônia ou Espanha poderiam mobilizar.

Ao descartar a ação militar da NATO, Stoltenberg disse à AP “que esta é uma guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, violando flagrantemente o direito internacional. De acordo com o direito internacional, a Ucrânia, é claro, tem o direito à autodefesa, e temos o direito de apoiá-los na defesa desse direito”.

A conferência em Paris ocorreu logo depois que França, Alemanha e Reino Unido assinaram acordos bilaterais de segurança de 10 anos com a Ucrânia, enquanto o governo do país trabalha para fortalecer o apoio ocidental.

As nações europeias estão preocupadas com a possibilidade de os EUA reduzirem seu apoio, enquanto a ajuda para a Ucrânia está retida no Congresso. Também têm receios de que o ex-presidente Donald Trump possa retornar à Casa Branca e mudar o curso da política dos EUA no continente.

Vários países europeus, incluindo a França, expressaram apoio, na segunda-feira (26), a uma iniciativa lançada pela República Tcheca para comprar projéteis de artilharia para a Ucrânia fora da União Europeia

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