Nipo-americanos protestam contra uso de lei de guerra por Trump

Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, 20 de março de 2025 – Agência Associated Press – Comunidades nipo-americanas protestaram contra a invocação da Alien Enemies Act pelo governo do presidente Donald Trump para deportar supostos membros de gangues venezuelanas. A lei, usada durante a Segunda Guerra Mundial para internar japoneses e nipo-americanos, foi invocada no último sábado (15) para deportar centenas de venezuelanos.

Na terça-feira (18), grupos nipo-americanos realizaram uma coletiva de imprensa no bairro de Little Tokyo, em Los Angeles, para expressar sua oposição à medida. Kenyon Mayeda, do Museu Nacional Nipo-americano, destacou que a lei “pavimentou o caminho para a Ordem Executiva 9066, que levou ao encarceramento em massa de mais de 120 mil japoneses e nipo-americanos”. Ele enfatizou: “Não podemos permitir que a história se repita. Devemos nos unir e dizer ‘nunca mais’.”

Seia Watanabe, da Liga de Cidadãos Nipo-americanos, criticou o uso da lei fora do contexto de guerra, afirmando que ela é “amplamente abrangente e pode ser usada para atingir indivíduos sem conexão comprovada com grupos criminosos, exceto por sua nacionalidade venezuelana”.

June Aochi Berk, que foi internada em um campo no Arkansas aos 10 anos durante a Segunda Guerra, alertou sobre os perigos de medidas que começam pequenas, mas podem se expandir rapidamente. “Você não pode esquecer isso. Por isso, não podemos permitir que coisas assim aconteçam”, disse.

O protesto reflete a preocupação da comunidade nipo-americana com a repetição de políticas discriminatórias e o uso de leis que podem afetar grupos específicos com base em sua origem ou nacionalidade. A Alien Enemies Act, criada em 1798, concede ao presidente poderes extras para deter ou deportar “estrangeiros inimigos” durante tempos de guerra, mas seu uso em contextos fora de conflitos armados tem sido alvo de críticas.

Enquanto o governo Trump defende a medida como necessária para a segurança nacional, os protestos destacam a importância de proteger os direitos civis e evitar a estigmatização de comunidades inteiras.