Geórgia: protestos contra suspensão de negociações com UE

Tbilisi, Geórgia, 4 de dezembro de 2024, Agência SANA – Manifestantes continuam a protestar nas ruas de Tbilisi, capital da Geórgia, pelo quinto dia consecutivo contra a decisão do governo de suspender as negociações de adesão à União Europeia (UE) até 2028. Os protestos, que começaram na quinta-feira (30), têm resultado em confrontos violentos entre manifestantes e forças policiais.

O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, conhecido por sua postura conciliatória em relação à Rússia, anunciou a suspensão das negociações com a UE após o Parlamento Europeu criticar as eleições parlamentares de outubro, considerando-as nem livres nem justas.

Dezenas de milhares de georgianos têm se reunido em frente ao parlamento e em outras cidades do país, agitando bandeiras da UE e da Geórgia. As autoridades responderam com uso de gás lacrimogêneo e canhões de água, resultando em mais de 100 detenções e dezenas de feridos, incluindo manifestantes e policiais.

A presidente Salome Zourabichvili, que apoia a adesão à UE, pediu uma nova eleição parlamentar, citando irregularidades eleitorais graves. Em entrevista à Reuters na segunda-feira (2), ela enfatizou a importância de uma mensagem clara dos países ocidentais não reconhecendo os resultados eleitorais e apoiando uma nova votação.

O impasse político se intensifica, com Kobakhidze recusando-se a negociar com a oposição. Ele acusou os manifestantes de tentarem replicar a revolução ucraniana de 2014 e alertou que qualquer violação da lei será tratada com rigor.

A comunidade internacional expressou preocupação com a situação. Os Estados Unidos suspenderam a Parceria Estratégica EUA-Geórgia, enquanto a União Europeia pediu às autoridades georgianas que respeitem o direito à liberdade de reunião e expressão.

A crise atual reflete as tensões entre as aspirações pró-ocidentais de grande parte da população georgiana e a postura mais próxima à Rússia do partido governista Georgian Dream. Com a suspensão das negociações de adesão à UE, o futuro político da Geórgia permanece incerto, enquanto os protestos continuam a desafiar a decisão do governo.