Brasília, Brasil — 22 de janeiro de 2024 – Neste sábado (20), o Brasil apresenta um marco histórico ao receber as primeiras doses da vacina contra a dengue que será disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A remessa inicial, composta por 720 mil doses do imunizante Qdenga, foi oferecida sem custos pelo laboratório japonês Takeda Pharma.
O Ministério da Saúde receberá aproximadamente 600 mil doses adicionais gratuitas da fabricante, totalizando 1,32 milhão de doses. Além disso, o governo brasileiro adquiriu 5,2 milhões de doses, cuja distribuição ocorrerá de forma gradual até novembro deste ano.
A capacidade total disponível do laboratório para 2024 é de 6,52 milhões de doses. No entanto, devido à exigência de duas doses no esquema vacinal, com um intervalo mínimo de 90 dias, pouco mais de 3,2 milhões de pessoas poderão ser vacinadas neste ano.
O foco da vacinação em 2024 será em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, considerando que essa faixa etária registra um alto número de hospitalizações por dengue. A primeira aplicação das doses está prevista para fevereiro, contribuindo para a proteção contra a doença.
Devido à capacidade limitada de produção do laboratório e visando uma distribuição equitativa, o Ministério da Saúde, em conjunto com os conselhos das Secretarias de Saúde estaduais e municipais, estabeleceu critérios para a distribuição das doses. As vacinas serão destinadas a municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou superior a 100 mil habitantes.
Nos próximos dias, o Ministério da Saúde detalhará a lista dos municípios contemplados e a estratégia de vacinação. O processo de liberação das doses passará pela Alfândega e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de serem enviadas ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. Com prioridade nessas etapas, o desembaraço será concluído ao longo da próxima semana, conforme informado pela pasta.
O Brasil se destaca como o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue no sistema público universal. A vacinação foi incorporada pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2023, sendo aprovada rapidamente pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).
A vacina japonesa, conhecida como Qdenga, foi aprovada pela Anvisa em março do ano passado e está disponível em clínicas privadas desde julho. Ela pode ser administrada em pessoas de 4 a 60 anos, prevenindo a dengue independentemente da exposição prévia à doença e sem a necessidade de teste pré-vacinação.
O imunizante, composto por quatro sorotipos distintos, utiliza a tecnologia de vírus atenuado, proporcionando uma eficácia de 80,2% contra a dengue. O esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias, oferece proteção por 12 meses após a segunda aplicação.
Devido à natureza da vacina, gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência ou em tratamento imunossupressor são contraindicadas. A Anvisa ainda não aprovou a aplicação em idosos, considerando a possibilidade de desenvolvimento da doença devido à imunidade mais baixa nesse grupo.
Com a chegada das primeiras doses, o Brasil avança no enfrentamento da dengue, reforçando a importância da imunização para a saúde pública.
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