Brasília, Brasil – 19 de dezembro de 2023 – Resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelam que a implementação do Novo Ensino Médio no Brasil tem enfrentado resistência significativa por parte de estudantes, professores e gestores. A pesquisa entrevistou 2,4 mil profissionais da educação e estudantes em escolas públicas estaduais que adotaram o Novo Ensino Médio no ano de 2022.
Os dados indicam que 56% dos estudantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores estão insatisfeitos com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio. Em contraste, 40% dos estudantes, 17% dos professores e 26% dos gestores relataram estar satisfeitos com o novo modelo. Os resultados sugerem um desafio significativo na aceitação e adaptação ao sistema.
O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017 e implementado em 2022, introduziu alterações significativas, incluindo uma parte das aulas comum a todos os estudantes, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e a possibilidade de escolha de itinerários pelos alunos para aprofundamento do aprendizado.
Um dos pontos destacados pela pesquisa é a falta de correspondência entre a demanda dos estudantes e a oferta das redes de ensino. Enquanto 86% dos estudantes manifestaram interesse na Formação Técnica e Profissional, apenas 27% dos gestores afirmaram ofertar disciplinas ou cursos desse tipo em suas escolas.
Além disso, a pesquisa identificou desafios significativos na implementação do Novo Ensino Médio. Para 74% dos gestores, o maior desafio é a formação continuada para docentes e gestores. A adequação da infraestrutura (67%) e a obtenção de apoio técnico, além da aquisição e elaboração de material didático (67%), também foram apontadas como desafios relevantes.
Professores expressaram insatisfação com a formação recebida, destacando que 59% consideram inadequada a formação para implementar a BNCC e 64% afirmaram que a formação para os itinerários formativos deixou a desejar.
Os resultados da pesquisa são parte de um relatório mais amplo que será concluído em janeiro de 2024. O estudo visa fornecer subsídios para o Ministério da Educação (MEC) e estados repensarem e aprimorarem a implementação do Novo Ensino Médio.
De acordo com Rebeca Otero, coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, é crucial considerar o descompasso entre a oferta atual e as demandas dos estudantes e profissionais da educação. Ela destaca a importância de criar condições para melhor atender às necessidades de todos os envolvidos no processo educacional.
“A pesquisa traz subsídios para melhorar. Não é porque implementou de uma forma que não se pode mudar. Tem que ir avaliando e ir melhorando”, enfatiza Rebeca Otero.
O debate sobre o Novo Ensino Médio continua no Congresso Nacional, e a pesquisa da Unesco pode fornecer insights valiosos para aprimorar o modelo educacional no país.
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