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quinta-feira, 21 novembro, 2024 6:09: pm
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A dignidade de um cantador

Vocês não imaginam a minha satisfação ao lhes trazer o álbum Dignidade (Kuarup), o primeiro de João de Ana, cantor e compositor mineiro lá de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, onde nasceu e vive.

Vocês não imaginam a minha satisfação ao lhes trazer o álbum Dignidade (Kuarup), o primeiro de João de Ana, cantor e compositor mineiro lá de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, onde nasceu e vive.

João conta que deve ao violeiro Chico Lobo, mineiro como ele, a chance de lançar suas músicas num trabalho com qualidade artística e técnica. Com produção musical de Ricardo Gomes e mixagem e masterização de Alessandro Tavares, tudo conspirou para que João de Ana levasse ao Brasil a sua música, digna de uma terra que precisa de músicos como ele para ser igualitária e plural.

“Canção do Vale” (João de Ana e Gilberto Guimarães): os violões (João de Ana e Ricardo Gomes) ponteiam. Envolta em alma mineira, a voz de João brota do fundo da terra. O Jequitinhonha salta à vista. A pegada é quente. O instrumental tem força, assim como vigorosa é a cantoria. O arranjo se vale do cello (Sérgio Rabello). Junto com o violão, mais o piano de Luadson Constâncio e apoiados pela percussão de Diego Panda, eles fazem do repertório um hino à mineirice de quem canta à vida.

“Minas Canções” (JdeA e Zé Henrique Ruas, in memoriam): o bandolim (Rogério Delayon) aguça a interpretação de João. Os versos, ajuntados à melodia simples, mas bela e realçada por vocais precisos, expõem o gosto pela amizade e um jeito de ser que é tão mineiro quanto o violão (Robertro Delayon) e o café recém-coado que vem à mesa. Eis Minas… quanta dignidade!

“Cantador do Tempo” (JdeA e Gilberto Guimarães): Chico Lobo dá o tom da viola, prima-irmã da cantiga que brota da alma e carece de suas cordas para eternizar-se. A voz de João não tem limites para se expandir e, sem eira nem beira, lança no ar o jeito cantador de ser pedra-azulense.

Ao ouvi-lo, afirmo: o cantar de João de Ana é épico!
“Cantador de Luz Cheia” (JdeA e Voltaire Lemos): lá está de volta a viola do Chico Lobo, trazendo com ela a percussão de Diogo Panda. E a lua se abre para ouvir o som que vem arritmo, enquanto o cantador lhe oferece sua voz, e ela, com amor transbordante, ilumina a mineirice de quem para ela veio cantar, o que João faz a plenos pulmões… emociona ouvi-lo.

“Sempre Que Amanhece”* (JdeA e Raul Mariano): aqui o couro come total. A quase catarse em que se envolvem a instrumentação e a voz dão à música o tom mais que épico de um álbum épico, cantado epicamente por um mineiro que sabe como ser imponente, sem ser descomedido, nem piegas.

Em “Donana”** (JdeA), João de Ana canta ao seu sobrenome artístico. Sua benção, DonAna: seu filho canta à senhora como quem reza. Ouça o que ele tem a dizer, pois tudo o que faz tem a sua feição. Ó DonAna, venha quentar o café pro menino que a traz no sobrenome.

E com “Sonhei Que Estava Em Pedra Azul” (JdeA), João homenageia seu pai, o Sr. Valdivio. E assim patenteia ser, também, João de Valdivio.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis
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