Uma Terra Só apresenta: Gerson Conrad (ex – Secos & Molhados)
Gerson Conrad, músico, compositor, intérprete e ex-integrante do grupo Secos & Molhados na sua formação original (1973/74) teve uma surpresa ao saber que o álbum do show ao vivo do grupo no ano 1974 no Maracanãzinho, e que teve seu lançamento em 1980 vai ser reeditado em LP.
Gerson Conrad, músico, compositor, intérprete e ex-integrante do grupo Secos & Molhados na sua formação original (1973/74) teve uma surpresa ao saber que o álbum do show ao vivo do grupo no ano 1974 no Maracanãzinho, e que teve seu lançamento em 1980 vai ser reeditado em LP.
O grupo que teve várias formações desde a sua criação, se tornou um fenômeno musical, responsável por causar o maior impacto da história na música brasileira com o seu visual andrógino e a dança provocativa de Ney Matogrosso. No ano de 1974 no auge do sucesso, Secos & Molhados realizou 369 shows por todo o país, se apresentando de terça a domingo, às vezes até mais de um show por dia. No dia 11 de agosto de 1974, o Fantástico (TV Globo) anunciava o fim do Secos & Molhados.
Quando o grupo Secos & Molhados formado por Ney Matogrosso (voz), Gerson Conrad (vocal e violões) e João Ricardo (vocal, violões e harmônica) se apresentaram para 20 mil pessoas no ginásio carioca Maracanãzinho num show histórico, mostrando que o grupo era um sucesso nacional, houve uma grande confusão, por causa dos fãs, que não conseguiam entrar no recinto, ficando milhares de pessoas do lado de fora. Como não havia mais lugar disponível no anel superior do ginásio, o público desceu para a pista central, sendo recebidos a golpes de cassetete pelos policiais. Ney Matogrosso interrompeu o show e gritou “Deixa os caras ficarem aí!” e a tropa de choque recuou.
Posteriormente, esse show seria lançado em LP. Todos os discos: Secos & Molhados (1973) / Secos & Molhados (II) (1974) / Ao Vivo no Maracanãzinho 1974 (1980) foram lançados pela gravadora Continental Discos. O primeiro LP trazia as seguintes músicas:
Gerson Conrad ingressou no grupo em 1973 sendo o responsável por uma das canções mais clássicas do grupo: “Rosa de Hiroshima”, um poema do mestre Vinícius de Moraes que foi musicado por Gerson. Foi compositor da canção “Delírio”, que fazia parte do segundo disco do Secos & Molhados lançado em 1974. “Rosa de Hiroshima” entrou na lista das 100 melhores músicas brasileiras, feita pela Revista Rolling Stone Brasil em 2009.
Com o fim do grupo nesse mesmo ano, Gerson foi contratado pela gravadora Som Livre e lançou no ano seguinte o disco Gerson Conrad e Zezé Motta, em parceria com o letrista Paulo Mendonça e a cantora e atriz Zezé Motta. Duas músicas tiveram destaque “A Dança do Besouro” e “Trem Noturno” e o disco vendeu umas 46 ou 48 mil cópias, o que não chegava nem perto do grande sucesso do Secos & Molhados que passou de 1 milhão de discos.
Em 1981, Gerson lançou “Rosto Marcado”, seu trabalho solo pela gravadora Continental, recebendo críticas positivas de de Maurício Krubusly e outros críticos renomados no país, elogiando o seu som, dizendo que Gerson estava 20 anos à frente do próprio tempo. Gerson lançou em 2013 pela Editora Anadarco, o livro “Meteórico Fenômeno – Memórias de Um Ex-Secos & Molhados”, que vinha acompanhado de um CD com duas músicas gravadas por Gerson: “Rosa de Hiroshima” e “Direto Recado”.
O terceiro álbum Lago Azul foi lançado em 2018 pela gravadora Deckdisc, trazendo 12 composições autorais, escritas por ele em parceria com Paulinho Mendonça, Aru Jr, Pedro Levitch e Alessandro Uccello. Dois anos depois lança nas plataformas digitais o EP O Fio do Meu Destino, com cinco músicas de autoria de Rogério Batalha, quatro com melodias suas e uma de Aru Jr.
Formado em Arquitetura, Gerson retornou a profissão nos anos 80, depois de se decepcionar com o cenário musical voltando somente em 1992. Ele recebia vários convites, mas recusava todos, mesmo porque queria se manter afastado da música. A decepção de Gerson foi tão grande que ele ficou uns 10 anos sem ouvir uma rádio sequer.
Filho de pai executivo, diretor de empresas, Gerson morou em vários lugares do Brasil, como Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, inclusive viveu sua adolescência entre 1959 a 1966 na capital em Porto Alegre, onde estudou e iniciou os estudos de violão com um exilado político, o Juan Mateo, que era espanhol e um discípulo de Segóvia. Ele era filho de um luthier, e o pai de Gerson encomendou um violão, instrumento que ele tem até hoje.
O início do Secos & Molhados” surgiu após o retorno de Gerson a São Paulo. Foi morar no bairro da Bela Vista, e foi assim que conheceu João Ricardo em 1967, quando havia se mudado para a mesma rua e se tornaram vizinhos. Português de Arcozelo, João Ricardo chegou ao Brasil acompanhado da família em 1964. Seu pai, o jornalista João Apolinário fugia da ditadura salazarista.
Em 1969 formaram o grupo Eric Expedição. O E era de Eduardo, outro vizinho que era o percussionista, Ri de Ricardo e o C de Conrad, e o Expedição foi um acaso. A partir dai, iniciou o Secos & Molhados, dando os primeiros passos para um trabalho autoral, mesmo porque eles não queriam fazer cover. O nome do grupo surgiu da idéia do João Ricardo ao se deparar com um letreiro de um velho armazém no litoral paulista.
Perguntou aos amigos se Secos & Molhados seria ideal para o nome do grupo e foi assim que nasceu o grande fenômeno musical. Os primeiros sons do Secos & Molhados eram violões e a flauta doce que Gerson se arriscava a tocar, enquanto o João Ricardo trazia o som com a sua gaita. João Ricardo é dos 3 o que detém a marca do grupo Secos & Molhados e seu pai, Apolinário é o responsável pela autoria de cinco letras do grupo: “Primavera nos Dentes” e “Amor”, do primeiro álbum do grupo, lançado em 1973, e “Voo”, “Flores Astrais” e “Angústia”, do segundo, de 1974.
Antes de Ney Matogrosso entrar para o grupo, em 1971 a banda ganhou dois novos integrantes: Antonio Carlos (Pitoco) tocando violão de 12 cordas e harmônica de boca, e Fred que tocava viola de 10 cordas e percussão. Quando Gerson e João Ricardo conheceram Ney Matogrosso, que morava no Rio de Janeiro, se depararam com um jovem ator hippie que fazia artesanato em couro. Ney aceitou o desafio de integrar o grupo mesmo morando no Rio, se tornando o vocalista. O nome de Ney para integrar o grupo, foi uma sugestão da cantora Luhli que é autora de três letras do Secos & Molhados: “O Vira” e “Fala”, do primeiro disco, e “Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc”, do segundo.
Após alguns meses, Ney decide se mudar para São Paulo, e em seguida gravam a música “Vôo”, para a montagem teatral de Corpo a Corpo, dirigida por Antunes Filho. No ano de 1972, fazem ensaios com vários músicos, mas somente o flautista Sérgio Rosadas, o “Gripa” e Gerson Conrad ensaiam durante todo o ano, até estrearem no teatro do Meio, do Ruth Escobar (uma casa-noturna, bar e restaurante) de nome Casa de Badalação & Tédio, alcançando um sucesso inesperado.
Através do jornalista Moracy do Val, são convidados para gravarem no Rio em 1973 pela gravadora Continental, com uma banda composta pelo Gripa (flauta), John Flavin (guitarra), Willy Verdaguer (baixo) e Marcelo Frias (bateria). Aliás, a quarta cabeça da capa do disco é do baterista Marcelo, que integrava o grupo, mas depois optou por participar apenas como músico, porque não gostava de usar a maquiagem. No segundo disco do grupo, Marcelo Frias é substituido pelo baterista Norival D’Angelo. O novo disco, teve três músicas que sofreram censura: “Tristeza Militar”, com letra e música de João Ricardo, “Pasárgada”, baseada no poema Vou-me Embora Pra Pasárgada, de Manuel Bandeira e “Tem Gente com Fome”, versão de João Ricardo para poema de Solano Trindade.
O primeiro show de divulgação do LP do grupo, foi realizado no Teatro Aquarius, em São Paulo, chamando a atenção pelo visual dos rostos pintados. Nessa época, Ary Brandi tornou-se o fotógrafo oficial do Secos & Molhados. O LP do Secos & Molhados se torna um sucesso espantoso, vendendo mais de 300 mil discos em dois meses, e em seguida passam de 1 milhão de cópias vendidas, colecionando discos de ouro, platina e diamante.
Esse disco histórico contou com a participação de:Ney Matogrosso: (vocal), João Ricardo: (violões de 6 e 12 cordas, harmônica de boca e vocal), Gerson Conrad (violões de 6 e 12 cordas e vocal), Zé Rodrix (piano, ocarina e sintetizador), Willi Verdaguer (baixo), Marcelo Frias (bateria e percussão), Sérgio Rosadas (flauta transversal e flauta de bambu), John Flavin (guitarra e violão de 12 cordas) e Emilio Carrera (piano).
O grupo se torna sensação nacional, ao se apresentarem no programa Fantástico (Rede Globo), tanto que na primeira apresentação deles no Rio de Janeiro, no Teatro Thereza Raquel, compareceu 3 vezes mais a quantidade de pessoas que o local comportava, sendo necessário intervenção policial para conter os fãs. Duas curiosidades sobre os Secos & Molhados, o grupo teve seu trabalho recusado pela EMI-Odeon, Phonogram e RCA Victor, e o grupo tinha um Galaxie Landau, o maior e mais luxuoso carro da época, onde os quatro viajavam para se apresentarem, revezando a direção entre eles.
Foi o empresário do grupo, Moracy do Val quem conseguiu o contrato deles com a gravadora Continental Discos e agendou shows por todo o Brasil, e apresentações no México, em junho de 1974, para o lançamento do disco Secos y Mojados. Quando retornaram do México, Ney e Gerson descobriram que Moracy do Val tinha sido demitido da banda e João Apolinário tinha assumido. Começa ai as desavenças entre eles e Ney Matogrosso descontente decide deixar o grupo.
Gerson conta que, em 1984, recebeu um telefonema de uma TV alemã, convidando o grupo a se reunir novamente, onde cada integrante ganharia US$ 1,5 milhão por um show acústico do Secos & Molhados. Segundo ele, João nem quis ouvir a proposta. Em 2007, iniciou um trabalho musical com a Trupi, um grupo com o qual se apresentava em shows e eventos, formado por Aru Jr. (guitarra e vocal), Chico Weiss (teclados), Gustavo Aldab (baixo e cello), Kyra Cherry (voz e percussão) e Walter Mourão (guitarra e voz), Fernando Faustino (bateria) e Gerson no vocal principal e violão.
Gerson participou em 2017, do projeto 70 de Novo, idealizado pelo músico Zé Brasil com o intuito de reunir grupos e artistas que haviam feito sua história na década de 70. Gerson Conrad quebrou em 2018 um hiato fonográfico de 37 anos ao lançar Lago Azul. o seu terceiro álbum, e o primeiro disco desde 1981.
O EP O Fio do meu destino que foi lançado em 2020, apresenta cinco canções inéditas, sendo quatro em parcerias de Conrad com Batalha, sendo os autores das letras de Grama, Cobertor, Dia Azul, além da música-título O Fio do meu destino, uma composição feita por Aru Jr. com letra do poeta carioca Rogério Batalha. Com a letra de Rogério Batalha, O Corpo é uma composição de Aru Jr, que acompanha Gerson há 20 anos e assina os arranjos das cinco faixas do disco.
Ney Matogrosso gravou em junho de 2023 a canção de autoria de Gerson Conrad e Rogério Batalha, O Fio do meu destino. A produção musical foi de Conrad e Batalha.
Gerson Conrad continua se apresentando em shows e eventos com a sua banda Trupi.
"Cleo Oshiro, mineira de nascimento e apaixonada pela cultura, encontrou no Japão sua segunda casa desde 2002. Responsável pelo Setor de Arte e Cultura da Radio Shiga, ela vai trazer o melhor da música e da cultura brasileira para os ouvintes japoneses. Como apresentadora do programa 'Uma Terra Só, no Japão', Cleo que tem várias conexões com artistas renomados, levará os ouvintes a uma viagem musical única todas as semanas. Sintonize-se e descubra as maravilhas da música brasileira com Cleo Oshiro, a anfitriã de 'Uma Terra Só, no Japão'."