É, a festa rolou, e rolou bonita! E não era pra menos… era pra ajuntar os sons e homenagear os 85 anos de vida de Roberto Menescal, uma lenda viva da música brasileira.
Foi assim, ó: a produtora cultural Fernanda Quinderé levou a sugestão do tributo à Jasmin Music, selo criado pelo multi-instrumentista Ricardo Bacelar, que produziu e lançou o álbum Nós e o Mar.
São dez faixas compostas por Menescal e dois parceiros – sete instrumentais e três cantadas, uma delas por Leila Pinheiro. As outras trazem a voz do próprio Menescal, coisa rara em sua carreira, pois antes ele só havia cantado uma vez, no famoso concerto do Carneggie Hall em Nova York, em 1962.
Nós e o Mar também reuniu o pianista, compositor e arranjador Diogo Monzo em torno das músicas do grande nome da bossa nova Roberto Menescal. E o coro comeu, gente boa! Meu Deus!
A tampa abre com “Barquinho”* (Menescal e Bôscoli): Menescal canta com voz macia, enquanto seu violão soma-se ao baixo e à batera para o clássico se revelar sem maquiagem ou exageros, enfatizando apenas a genialidade de uma música eterna. Ouvi-la é como se revivêssemos um dia de céu azul no verão carioca. Ao intermezzo do violão, segue-se o improviso do piano que assume o proscênio para também solar. Tudo é bom gosto!
O primeiro arranjo instrumental é para “Rio” (RM e RB). Os pianos acústico e elétrico iniciam e o suingue flui. Incrementado pelo violão, o som é bossa na veia. Improvisos se sucedem. A batera segura a onda. A melodia vem com o piano. O baixo engrossa o caldo da beleza.
Em “Você” (RM e RB), a harmonia pelas mãos de Menescal destaca o arranjo de Bacelar. O empenho dos instrumentistas salta aos ouvidos. A leveza é a tônica.
“Bye Bye Brasil” (RM e Chico Buarque). Leila Pinheiro canta essa música sagaz e arrasa. A letra de Buarque, rica e inventiva, é tudo de bom: prosódia e espontaneidade à flor da pele. A sutileza do arranjo de Menescal traz o balanço que seu violão conduz e deflagra.
“Nós e o Mar” (RM e RB) tem intro com piano e o violão que prossegue com a melodia, reafirmando que a sonoridade é a solidez maior do instrumento de Menescal. O Hammond dá o ar de sua graça, enquanto baixo e batera criam o ambiente propício para o suingue rolar esperto.
“A Morte de um Deus de Sal” (RM e RB) me traz à memória a pujança característica da música. Em “A Volta” (RM e RB), Menescal sola! E a tampa fecha. Simples assim: quando Menescal toca, a música agradece pelo carinho com que o gênio a trata. Viva Roberto Menescal!
Músicos: Roberto Menescal: violão, arranjo e vocal; Diogo Monzo: piano, teclados e Arranjos; Ricardo Bacelar: piano, teclados, percussão e arranjos; Nelio Costa: baixo; Pantico Rocha: bateria.
Ficha Técnica: gravação: Melk; mixagem: Luiz Orsano (Jasmin Studio – Fortaleza-CE); Masterização: Carlos Freitas; produção: Fernanda Quinderé e Ricardo Bacelar.
Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
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