Uma investigação independente sobre uma das principais agências de talentos do Japão pediu que seu presidente deixasse o cargo. O motivo são as alegações de abuso sexual envolvendo o fundador da Johnny & Associates, que se estenderam por décadas.
Johnny Kitagawa já foi aclamado como o maior produtor de J-pop masculino. Ele até detinha o recorde mundial do Guinness para o maior número de singles de sucesso produzidos por um indivíduo.
Kitagawa morreu em 2019, e vários homens que trabalharam com ele quando eram menores de idade o acusaram de má conduta sexual.
Na terça-feira (29), uma equipe de especialistas em abuso sexual e jurídico recrutada pela agência apresentou um relatório sobre as alegações.
O presidente da equipe de especialistas, Hayashi Makoto, disse: “Nossa equipe especial reconheceu que Johnny agrediu sexualmente vários menores, incluindo os estagiários do ‘Johnny’s Junior’, em locais como sua casa, campos de treinamento e hotéis durante a turnê”.
A equipe entrevistou 23 supostas vítimas. Elas incluíam ex-dançarinas de apoio conhecidas como “Johnny’s Juniors”, que eram, em sua maioria, adolescentes que esperavam ter sucesso no mundo da música.
A investigação concluiu que Kitagawa começou a abusar sexualmente de meninos na década de 1950 e cometeu agressões até meados da década de 2010.
Ela acusou a irmã mais velha de Johnny, Mary Kitagawa, de não tomar providências e de tentar encobrir o abuso de meninos menores por parte de seu irmão. Mary ocupava um cargo de gerência na agência.
Sua filha, Julie K. Fujishima, é a atual presidente da Johnny, mas a equipe de especialistas diz que ela não deve permanecer nessa função.
Hayashi disse: “Achamos que a Johnny & Associates precisa substituir a pessoa que está no topo da organização para começar de novo. Estamos exigindo que Julie renuncie ao cargo de diretora representante”.
A investigação também recomenda que a agência reconheça e peça desculpas pelos abusos cometidos por seus fundadores e inicie conversações com as vítimas. Também sugere que a empresa estabeleça imediatamente um programa de indenização.
Um dos sobreviventes disse que o relatório era abrangente e acrescentou que concorda com o pedido de desculpas e medidas de compensação.
O vice-chefe de um grupo de vítimas, Ishimaru Shimon, disse: “Mesmo que a presidente deixe o cargo, ela não deve ser isenta de culpa. Como chefe da empresa, ela tem uma responsabilidade social e moral”.
A Johnny & Associates diz que leva o relatório muito a sério.
As revelações sobre o fundador da agência provocaram um exame internacional, incluindo uma investigação da ONU.
O governo do Japão prometeu medidas para combater o abuso de jovens artistas do sexo masculino, incluindo uma linha direta para vítimas de agressão sexual masculina.
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