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domingo, 22 dezembro, 2024 11:35: am
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Ode a Dolores, cantora e compositora imortal

Lançado recentemente pela Kuarup, o CD Maria Marcella Canta as Dores de Dolores Duran nos traz a cantora Maria Marcella cantando sucessos e músicas menos conhecidas da obra de Adileia Silva da Rocha, a Dolores Duran, vitimada por um infarto aos 29 anos, em 1959.

Lançado recentemente pela Kuarup, o CD Maria Marcella Canta as Dores de Dolores Duran nos traz a cantora Maria Marcella cantando sucessos e músicas menos conhecidas da obra de Adileia Silva da Rocha, a Dolores Duran, vitimada por um infarto aos 29 anos, em 1959.

A tampa abre com “Por Causa de Você” (Dolores Duran e Tom Jobim): o piano traz a melodia na intro. Maria vem, e sua voz apaixonada me faz tremer: Dolores está ali. Toda! Dando pinta de saber que está causando, a voz se esbalda.

O baixo acústico e o violão, amparados pela percussão e tendo o piano a brilhar, fazem lembrar as noites em que Dolores passeava seu talento por entre ambientes esfumaçados e drinques bem servidos.
A seguir, “A Banca do Distinto” (Billy Blanco): o bandolim inicia o samba irreverente. Deixando-se levar, Maria se dá, nos induzindo a sacolejar junto.

“A Noite do Meu Bem”* (Dolores Duran): O piano introduz o clássico eterno. O baixo e a percussão seguram a onda, enquanto o violão traz a harmonia para embalar versos que Maria sabe como tornar verdadeiros. Ainda que Dolores já os tenha cantado indelevelmente, também hoje a sensibilidade à flor da pele de Maria chama a atenção e me comove.

“Carioca” (Antonio Maria e Ismael Neto): o violão toca a intro. Maria canta como a lembrar a beleza de uma noite enluarada. O disco roda belo, sincero. O arranjo é tranquilo, rico mesmo. O final é inebriante.

“Coisas de Mulher” (Francisco Nepomuceno e J. Alves): o samba vem com a percussão e o bandolim. A pegada traz emoção à luz. Embora nem tão conhecida, a música demonstra merecer espaço dentre tantos clássicos selecionados por Maria para seu louvor a Dolores.
“Manias” (Celso Cavalcanti e Flavio Cavalcanti): a obra-prima vem com piano, percussão e baixo se desdobrando em sutilezas. Finuras que Maria tão bem conhece e busca incessantemente. O bandolim improvisa em intermezzo de puro talento.

“O Amor Acontece” (Celso Cavalcanti e Flavio Cavalcanti): o violão toca a intro e entrega a harmonia para Maria deslizar por entre suas notas. Belas! A percussão e o baixo levam o ritmo em fogo brando. O piano se destaca em breve intermezzo. O vibrato singular da cantora impressiona, e mais ainda porque vem afinado e seguro.

“Prece de Vitalina” (Dolores Duran e Chico Anísio): o baião resfolega com o piano e o bandolim. Maria canta com a dignidade de saber que os versos importam para o povo.
“Solidão”** (Dolores Duran): o violão começa. A voz de Maria se encarrega de dar também a essa obra-prima o valor que só ela pode dar, pois está impregnada pela música e pela trajetória singulares de Dolores Duran. Por Aquiles Rique Reis

Ficha Técnica: violão, produção musical e arranjos: Patrick Angello; percussão: Edgar Araujo; baixo acústico: Adriano Giffoni; piano: João Coutinho; bandolim: Luis Barcelos; gravação: Sérgio Lima Netto; mixagem e masterização: Sérgio Lima Netto e Patrick Angello.

Aquiles Rique Reis
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