Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas afirmam ter descoberto, por meio de entrevistas, que centenas de talentos representados pela agência japonesa Johnny & Associates podem ter sido vítimas de abusos sexuais.
Damilola Olawuyi e Pichamon Yeophantong, do grupo de trabalho da ONU sobre negócios e direitos humanos, realizaram uma coletiva de imprensa na sexta-feira (4), após sua investigação, que começou no Japão em 24 de julho.
Eles destacaram o abuso sexual cometido pelo falecido fundador da agência de talentos, Johnny Kitagawa, conforme relatado por vários ex-talentos da empresa.
Yeophantong disse: “Nossas interações com vítimas de assédio sexual envolvendo talentos da Johnny & Associates expuseram alegações profundamente alarmantes de exploração e abuso sexual envolvendo várias centenas de talentos da empresa”.
Ela acrescentou que as empresas de mídia no Japão foram “supostamente envolvidas no encobrimento do escândalo por décadas”.
Ela observou a “inação percebida pelo governo e pelas empresas envolvidas” na resposta às vítimas e disse que isso “destaca a necessidade de o governo, como principal responsável, garantir investigações transparentes”. Os especialistas em direitos humanos enfatizaram que é essencial que o governo forneça soluções eficazes para as vítimas, seja na forma de desculpas ou de compensação financeira.
Yeophantong disse: “Persistem dúvidas sobre a transparência e a legitimidade da equipe especial da empresa” para as investigações. Os especialistas também destacaram relatórios que sugerem que a empresa não forneceu consultas suficientes sobre saúde mental para as vítimas.
Eles pediram a todas as empresas japonesas, inclusive as do setor de mídia e entretenimento, que garantam mecanismos de reclamação legítimos e transparentes e que estabeleçam prazos claros para as investigações.
Durante sua primeira visita ao Japão, os especialistas da ONU também conduziram investigações sobre as condições de trabalho e o tratamento de estagiários técnicos estrangeiros. Eles também examinaram questões relacionadas ao trabalho de descontaminação na usina nuclear de Fukushima Daiichi, que está em ruínas.
O grupo de trabalho afirma que compilará um relatório que engloba tanto suas descobertas investigativas quanto suas recomendações para o governo e as empresas japonesas. Ele planeja apresentar o relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho do próximo ano.
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