Zecarlos Lassi é médico aposentado, especialista em otorrinolaringologista e foniatria, músico, cantor, compositor e produtor musical. Durante a sua trajetória musical compartilhou o palco com grandes nomes da MPB, como o compositor Toninho Horta, seu amigo e parceiro musical, a escritora e letrista Helena Jobim (única irmã de Antonio Carlos Jobim), Chiquito Braga, Esdra Nenem, Alberto Chimelli, Sérgio Reis, Leny Andrade, Luís Carlos Miele, Roberto Menescal, Clif Korman, Pacífico Mascarenhas entre outros, sendo membro da Fundação Clube da Esquina.
- Zecarlos, gosto de saber as origens dos aristas, então onde nasceu?
- Nasci na cidade de Patrocínio – Minas Gerais – Brasil.
- Em que momento da sua vida descobriu a sua aptidão musical?
- Meu fascínio pela música se iniciou ainda na infância na minha terra natal. Quando tinha seis anos, meus pais me matricularam numa aula particular com uma professora de canto lírico e popular, a “Dona Marcelina Otero.
-
Foi com ela que aprendeu as cantigas espanholas, boleros e valsas?
- Sim, havia 2 professoras que muito me ajudaram com as músicas em espanhol do Joselito. A professora Marcelina Otero, que era espanhola e professora de Espanhol no Colégio de Patrocínio e a outra foi Marcia Borges. O dom do canto veio por genética e aprendizado com ambas as famílias materna e paterna. Todos cantavam bem.
- Você tinha que idade?
- Uns 7/8 anos. Eu era cover do cantor mirim espanhol Joselito e fazia apresentações nas rádios da minha cidade e de várias cidades vizinhas do Alto Paranaíba.
- Aqui, uma foto minha aos 7 anos de idade na ZYW 8 Rádio Difusora de Patrocínio.
- E o que costumava cantar nas suas apresentações?
- Interpretava repertório de clássicos espanhóis: Granada, La Violetera, Donde estará mi vida? entre outras canções.
- Viveu em Patrocínio até que idade?
- Aos 10 anos, minha família decidiu mudar – se para a capital do Estado, Belo Horizonte.
- Seu tio-avô, Oswaldo Pieruccetti, foi prefeito de Belo Horizonte?
- Sim, meu tio-avô por parte materna, Oswaldo Pierucetti, irmão de meu avô Carlos Pierucetti foi duas vezes prefeito de Belo Horizonte, na época indicado pelo Governador Magalhães Pinto.
- Continuou se apresentando em Belo Horizonte?
- Sim e no período da minha adolescência e juvetude, participei de inúneros eventos culturais, programas de rádio e televisão locais em Belo Horizonte, entre elas os programas da rádio Itatiaia e Inconfidência, assim como na TV Itacolomi.
- Mas seu objetivo sempre foi a carreira musical? E em relação aos estudos?
- Aos 17 anos de idade, optei por prestar o vestibular para a Faculdade de Medicina da UFMG, onde entrei no 6º lugar da classificação geral. Abaixo minha foto em dezembro de 1975, aos 22 anos, na minha graduação em Medicina pela UFMG.
- Então prosseguiu com os estudos?
- Após graduar-me, realizei pós-graduações em Buenos Aires, em
Bordeaux e Washington DC, com bolsas de estudo. - Mas e a carreira musical?
- Eu levava meus estudos a sério, mas não abandonei a música e continuei me apresentando em eventos culturais, cantando e divulgando a música
brasileira.
- Teve uma banda, chamada Dr. Jekill e Mr. Hyde em alusão ao O Médico e o Monstro?
- Exatamente, Cleo. Esta banda teve 2 anos de apresentação no principal palco de Belo Horizonte, na Savassi, o Status Livraria e Cultura. Fizemos 6 temporadas de 3 meses nas happy-hours dos sábados e domingos com casa cheia. Rubinho, o proprietário nos tinha na maior consideração. O nome, referia-se a coincidência de eu estar exercendo duas atividades, a medicina e a Música e o bom romance do Robert Louis Stevenson, Dr. Jekill and Mr. Hide. Era tudo uma brincadeira.
- No seu ultimo CD gravado, as músicas eram suas e releituras internacionais, tipo um repertório mais vintage, relacionado a canções dos anos 1950 e 1960?
- Sim. Eram gravações dos clássicos standards americanos e Franceses cantados por Sinatra, Ella, Chet Baker e alguns Franceses como Piaf, Charles Trenet etc…
- Como está agora a sua carreira?
- Nas últimas duas décadas venho atuando como cantor em Belo
Horizonte e Niterói, onde hoje resido, apresentando-me em vários
teatros, rádios, festivais de jazz’n’samba. - Na sua trajetória musical, quais foram seus companheiros de estrada?
- Durante esse tempo me dedicando a música, compartilhei o palco com nomes como Toninho Horta, meu parceiro compositor, Helena Jobim, minha saudosa parceira letrista, Chiquito Braga, Esdra Nenem, Alberto Chimelli, Sérgio Reis, Leny Andrade, Miele, Roberto Menescal, Clif Korman, Pacífico Mascarenhas entre outros, sendo membro da Fundação Clube da Esquina.
- Toninho Horta comentou sobre você no grupo Harmonia, criado por ele no WhatsApp em 2021 durante a pandemia o seguinte: “Havia dito que as 15 primeiras pessoas que me pedissem músicas iriam ter. Tive uns 30 pedidos, mas fechei com as primeiras 15”, explica. “Pedi a cada um para dar uma ideia, um título ou mesmo sugerir um estilo, um andamento, uma referência. Teve até um amigo, o cantor José Carlos Lassi, que me pediu música para a mulher dele, Laura, que estava acamada e, infelizmente, partiu um tempo depois. Fiz a melodia e ele fez a letra. Ficou muito legal.
- ” Foi assim que teve início a parceria de vocês?
- A parceria musical com o Toninho aconteceu conforme ele relatou no show no Minas Tênis e no grupo Harmonia. Mas já éramos amigos e frequentavamos alguns ambientes e eventos juntos. Chegamos a tocar em algumas festas na casa do compositor Pacífico Mascarenhas em Belo Horizonte, grande amigo comum que entre outras coisas lançou Milton Nascimento no Rio de Janeiro, um grande amigo.
- Qual a sua relação com a Fundação Clube da Esquina?
- Sou membro fundador da Fundação Clube da Esquina que proporciona ajuda a comunidades e músicos com poucos recursos. Um de meus bons amigos no grupo é o Marcinho Borges, e outro amigo que infelizmente se foi, era o Fernando Brant.
- Você teve uma parceria com a Helena Jobim?
- Sim. Fui parceiro da letrista e escritora Helena Jobim, que nos deixou em 2015. Ela era a única irmã de Tom e autora de sua biografia oficial “Antônio Carlos Jobim – Um homem iluminado” e dos livros “A chave do poço” e “Trilogia do assombro”, dentre outros.
- Apresentou suas músicas no exterior?
- Sim. Me apresentei na Radio Palermo em Buenos Aires (Argentina), Radio Bossa Nova no Peru (Lima), Programa Mellowmania no Mexico e fui convidado por você para participar do programa Uma Terra Só, no Japão.
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- Tem discos lançados?
- Produzi e lancei 6 discos com músicas autorais, clássicos do jazz’n’samba, bossa e MPB.
- Em que ano gravou o CD José Carlos Interpreta Pacífico Mascarenhas?
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O CD Zecarlos Lassi interpreta Pacífico Mascarenhas, com a maioria das músicas acompanhado por Chiquito Braga ao violão e guitarra, Alberto Chimelli ao piano e baixo e Esdra Nenem na bateria, foi produzido e gravado nos anos de 2009/2010.
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Contém parte da extensa obra deste compositor amigo que, entre outras coisas foi responsável por levar João Donato e João Gilberto em seu carro, a casa de Bené Nunes no Rio, quando o pessoal da Bossa Nova convidou o Ary Barroso para mostra-lhe do que se tratava o movimento musical. Estavam Tom Jobim, Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli, Nara Leão, Carlos Lyra, enfim todos, a exceção de Vinícius que não estava no Brasil, para conhecerem o mais famoso músico brasileiro da época, amigo de Walt Disney e já indicado ao Oscar.
- Após 50 anos afastados do palco, a Banda Seres Abissais do qual é integrante voltou a se apresentar em shows?
- Sim. Ainda mantemos a Banda Seres Abissais, que é uma referência a nossa infância quando assistíamos ao National Kid, e ela é composta por mim como Crooner, Arthur Lima, guitarrista, Fernão Dias como baterista e Leri Andrade como baixista. Temos um repertório agora de Beatles in Fusion, com uma levada para o Jazz e Bossa. Estaremos nos apresentando brevemente no MAC Niterói – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, museu projetado por Niemmeyer.
- Estarei a partir do dia 28/07 me apresentando na Colômbia, com um repertório de Sambas e Bossas Clássicos em Medellin, e possívelmente em Cartagena também.
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