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domingo, 22 dezembro, 2024 11:02: am
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Não há nada de novo rolando… Pois sim!

Pois é, pessoal, não raro escuto dizerem: “É impressionante como não há nada de novo na música brasileira”. Ora bolas, como assim? Olha só, segue uma prova que demonstra exatamente o contrário. Refiro-me a Tetein (independente), o terceiro álbum de Ian Ramil, ele que é filho de Vitor Ramil e sobrinho de Kleiton e Kledir.

Pois é, pessoal, não raro escuto dizerem: “É impressionante como não há nada de novo na música brasileira”. Ora bolas, como assim? Olha só, segue uma prova que demonstra exatamente o contrário. Refiro-me a Tetein (independente), o terceiro álbum de Ian Ramil, ele que é filho de Vitor Ramil e sobrinho de Kleiton e Kledir.

A tampa abre com “Tetein”* (Ian Ramil). A intro traz uma sonoridade diversificada, elaborada a partir de violões de aço, dobro, guitarra, baixo synth, bumbo midi, sininho, unhas de lhamas e programação, a cargo de Ian. Seu canto vem firme e, com a voz dobrada, traz sentimento e o entrega ao ouvinte.

A seguir, “Canção de Chapeuzinho Vermelho” (Braguinha e Francisco Mignone): Nina Ramil canta. O piano soa. Nina cantarola só uma palavra. Ian repete a palavra que sua filha entoou. Nina ri e diz: “Agora é tu…” Nina tem seis aninhos… paira no ar um amor infinito.
“Macho-Rey” (Ian Ramil e Juliana Cortes): o piano toca meio espandogado.

Ian declama os versos iniciais. O pop logo chega. Ian Ramil soa com violões de aço, synth, programação, teclado de computador e estalando os dedos. O bumbo de Martin Estevez vem forte. O baixo de Bruno Vargas e o trombone de Julio Rizzo trazem os graves e acentuam o canto que encerra com versos irônicos: “Quem vê não diz que ele se encolhe e chora sempre que a mami lhe diz um não/ Seja homem/ Não”.

E chega “Cantiga de Nina” (Ian Ramil): Nina choramingou, Ian compôs. Com Adolfo Almeida Jr. (fagote), Neuro Jr. (violão 7 cordas), Dessa Ferreira (tamborim e ganzá) e Gutcha Ramil (surdo, cuíca e ganzá), o arranjo é belo. O fagote inicia, o sete acompanha. Delicado, o chorinho começa. Emocionado, Ian canta à capella. O amor rola solto. Entra a percussão, com ela vem um suingue sereno. Nina certamente para de choramingar.
Logo a seguir, “O Mundo É Meu País”** (Ian Ramil e Luiz Gabriel Lopes).

Ian canta, enquanto seus violões de aço, synth, beats, ovinho e tambor com chocalho se ajuntam a Bruno Vargas (baixo), Martin Estevez (batera), Pedro Petracco e Mauricio Montardo (piano), Gutcha Ramil (surdo e sementes na panela) e Julio Rizzo (trombones, para os quais Pedro Dom fez arranjo). E são eles, os trombones, quem tocam a intro. Ian canta. Logo depois dobra a voz. O surdo marca o tempo. O piano soa bonito. O baixo se soma ao surdo e o peso eleva a melodia a um patamar contagiante. Um intermezzo orquestral conduz a harmonia. Ian é um grande compositor!

Ian Ramil não teme audácias, vai a elas com talento e as dá ao público com teor e forma lapidares. A partir da programação das cordas (Lauro Maia), tem-se o sentido exato do que quer o arranjo que Pedro Dom escreveu para elas.
Bem, ainda haveria sete faixas a comentar, mas o espaço é curto e aqui fecho a tampa, tirando o chapéu para Ian Ramil – um cara a ser aplaudido de pé pelos amantes da música brasileira.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis
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