Ucrânia acusa Rússia de cometer crimes de guerra ao explodir uma represa

A Ucrânia acusou a Rússia de destruir uma barragem de geração de energia hidrelétrica no sul do país. A Rússia diz que os moradores da região foram forçados a evacuar. A Rússia atribui à Ucrânia a culpa pela explosão da represa.

O exército ucraniano anunciou na terça-feira (6), que as forças russas explodiram a represa de Kakhovka no rio Dnipro, na região sul de Kherson.

Um governador local disse que grandes quantidades de água estão fluindo rio abaixo. Ele também diz que cerca de 16.000 pessoas estão na zona crítica e que a evacuação dos moradores está em andamento.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, publicou um vídeo nas mídias sociais. No vídeo, a água pode ser vista jorrando da represa.

Zelenskyy disse que realizou uma reunião urgente do Conselho de Segurança e Defesa Nacional.

Ele afirmou que terroristas russos realizaram a explosão às 2h50 da manhã e destacou que há cerca de 80 assentamentos na zona de inundação. Ele também disse que o governo está pedindo às pessoas que evacuem as áreas de risco e instruiu as autoridades a fornecer água potável às pessoas afetadas.

O presidente acrescentou que um conjunto de medidas foi acordado na reunião para levar a Rússia à justiça pelo ato terrorista.

A empresa hidrelétrica estatal da Ucrânia, Ukrhydroenergo, disse que a instalação da usina foi completamente destruída. Ela também informou que o nível de água no reservatório está diminuindo rapidamente. A empresa disse que será capaz de fornecer água nos próximos quatro dias.

A agência de notícias Reuters diz que a represa, de aproximadamente 30 metros de altura, foi construída em 1956 e tem sido usada principalmente para gerar energia hidrelétrica.

A barragem fornece água para a Crimeia, que a Rússia anexou unilateralmente em 2014, e água de resfriamento para a usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia.

A Ukrhydroenergo disse que o declínio do nível da água é uma ameaça adicional à usina nuclear.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica disse em um comunicado que sua avaliação mostra que “não há risco imediato para a segurança da usina”.

O diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, também disse que a usina nuclear tem “várias fontes alternativas de água”, e que uma delas é um grande lago próximo ao local. Ele disse que estima-se que a lagoa será suficiente para fornecer água de resfriamento por “alguns meses”, já que os reatores foram desligados por muitos meses. Ele disse que é vital que a lagoa permaneça intacta.

Enquanto isso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, culpou a Ucrânia, dizendo que “isso não passa de um ato intencional de sabotagem por parte da Ucrânia, que foi planejado e perpetrado sob as ordens de Kiev”. Ele acrescentou que o presidente russo está recebendo relatórios sobre essa situação.

Em relação à guerra com a Rússia, Zelenskyy disse na segunda-feira (5), que as tropas ucranianas estão avançando, especialmente na região oriental de Donetsk.

O New York Times relatou uma avaliação feita por autoridades norte-americanas de que “Kiev provavelmente havia começado sua contraofensiva”. O relatório diz que os satélites militares dos EUA “detectaram um movimento crescente das posições militares ucranianas”. E acrescenta: “Os satélites têm capacidade de infravermelho para rastrear disparos de artilharia e lançamentos de mísseis”.

O líder da empresa militar privada russa Wagner Group, Yevgeny Prigozhin, disse na segunda-feira que as tropas russas estão se retirando das áreas ao redor de Bakhmut, no leste da Ucrânia. Ele disse que as tropas estão fugindo silenciosamente, envergonhados.

Segundo informações, Prigozhin está em desacordo com o Ministério da Defesa da Rússia.

Ele também disse que o principal objetivo do ministério é fingir que tudo está indo bem e que eles estão fazendo avanços. Mas ele alertou que as forças russas enfrentarão grandes derrotas táticas em duas semanas.