Refletir e sistematizar:
Olá, eu sou o Aquiles, e venho aqui sugerir uma reflexão. O que faço de comum acordo com o meu companheiro Miltinho, que aceitou dividir comigo os termos a seguir: a geração da qual fazemos parte como integrantes do MPB4, há quase 60 anos, está se despedindo aos poucos. Fora a inexorabilidade desta constatação, cabe uma lembrança: grande parte dessa geração surgiu num momento em que a mídia olhava com simpatia para a qualidade da música brasileira de então, e também tinha seus olhos empresariais voltados para o retorno lucrativo do investimento em música.
Pois bem, hoje em dia a mídia vê a música brasileira apenas como instrumento de entretenimento em meio à sua programação repleta de programas de variedades e novelas.
Pensamos juntos, e aqui conclamamos os colegas da área musical e o público que ama a música brasileira, público este que, como a gente, assiste incrédulo à partida de tantos nomes fundamentais da música brasileira: o que temos feito para ajudar a impulsionar novos valores com qualidade crescente que não param de surgir? Depois da nossa geração, quantas gerações estão na batalha inglória para mostrar o seu talento ao público que ama música, sem conseguir fazê-lo? Ora, hoje a mídia é absolutamente arredia aos novos, bem como também é arredia a muitos de nós que surgimos nos anos 1950 e 1960.
Mas então o que fazer? Bem, dentre tantas iniciativas que certamente virão, posto que imaginamos que outras gentes se ajuntarão para interagir coletivamente, poderíamos, apenas para citar alguns exemplos:
1) abrir espaço em nossos shows para talentos de que cada um de nós conheça o valor;
2) a cada entrevista, na medida do possível, fazermos referência a nomes de músicos que poucos tiveram a oportunidade de ouvir;
3) fazermos contato com produtores artísticos e empresários da área musical, pedindo apoio;
4) investirmos na busca de formação de plateias atentas à arte; e
5) divulgarmos para o público as rádios web, que não param de surgir e crescer por todo o Brasil.
Miltinho e eu cremos que as ações para fortalecer as gerações que assumirão a cena musical brasileira devem ser sistematizadas e levadas adiante no dia a dia. É importante que as iniciativas já existentes se conheçam e troquem ideias entre si.
Para tanto está sendo criado o grupo Em Frente, inicialmente integrado por Cristina Saraiva, Breno Ruiz, Dante Ozzetti, Hugo Sukman, Miltinho e eu, dispostos que estamos a pensar e refletir em como desenvolver ações conjuntas. Tudo no sentido de tornar as iniciativas coletivas, e, portanto, mais fortes e necessárias.
São Paulo, 16/05/2023
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