Ivam Cabral da Cia. de Teatro Os Satyros reabre o lendário Cine Bijou
A Cia. de Teatro Os Satyros foi fundada por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, em 1989 na cidade de São Paulo. São 32 anos de história com mais de 100 espetáculos, apresentados em 27 países. Cinéfilo assumido, Ivam Cabral em parceria com Rodolfo García Vázquez, assumiram o histórico Cine Bijou, na Praça Roosevelt, que foi foco da resistência artística e política à ditadura militar nos anos 60 e 70. Há anos que o dois flertavam com o universo dos filmes e decidiram assumir as despesas do local desocupado desde 2019.
Cinema especializado em filmes de vanguarda que ficou na ativa de 1962 a 1996, era frequentado por intelectuais, artistas, militantes de esquerda e estudantes. O Cine Bijou localizado no número 172 da Praça Roosevelt, foi inaugurado em 1962, exibindo filmes polêmicos de personalidades contrárias à ditadura militar, brindou o público com produções de cineastas estrangeiros premiados, como Ingmar Bergman e Stanley Kubrick. O Cine encerrou as suas atividades em 1996, e segundo os novos responsáveis, ele reabrirá com uma grande festa as suas portas no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo. O Cine Bijou, é famoso por ter formando gerações de cinéfilos desde os anos 1960 em São Paulo.
Conhecido como cinema de rua, o espaço que nos últimos anos abrigou o Teatro do Ator, mantém o seu charme com as cadeiras de couro vermelho, originais dos anos 1970. Cine Bijou vai contar com o acervo da Pandora, distribuidora dos principais filmes de arte e clássicos do cinema. Os Satyros optaram por valorizar o espaço dando prioridade ao cinema, com sessões à tarde e à noite, mas tem planos de receber peças de teatro em horários alternativos, como tarde da noite, além de cursos, palestras e debates. “Será um espaço muito aberto, muito democrático”, afirmou Ivam.
São 32 anos de história com mais de 100 espetáculos, apresentados em 27 países. Estudante de psicanálise, ator e dramaturgo, um dos fundadores Ivam Cabral, tem dedicado sua carreira às artes do palco. Doutor em Teatro pela ECA/USP, é cofundador da Cia. de Teatro Os Satyros. Como ator e dramaturgo, recebeu os mais importantes prêmios do teatro brasileiro (Shell, APCA, Governador do Estado, Aplauso Brasil, Arcanjo de Teatro, Cidadão Paulistano, entre outros) e atuou em mais de 20 países, em quatro continentes: americano, europeu, africano e asiático.
Com o primeiro trabalho, “Aventuras de Arlequim”, receberam o Troféu APCA de melhor ator (Ivam Cabral) e atriz coadjuvante (Rosemeri Ciupak), além da indicação ao Prêmio Mambembe de melhor texto (Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez). Em 1990, a partir da montagem “Sades ou Noites com os Professores Imorais”, a companhia se tornaria nacionalmente conhecida.
O projeto Satyrianas 2021 levou 20 mil pessoas à Praça Roosevelt, de quinta (2/12) a domingo (5), muitas emoções circularam pela Praça Roosevelt e por vários outros espaços da cidade de São Paulo e do Brasil afora, além de mais seis países. Com o tema “Onde o tempo não para”, foram 78 horas ininterruptas de alegria e de muita reflexão.
As Satyrianas, que chegou à sua 22ª edição, já foi reconhecida com os prêmios Shell, APCA, Aplauso Brasil e Arcanjo de Cultura, além de constar no Calendário Oficial do Estado de São Paulo, através de projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Carlos Giannazi. Nesse momento, o vereador Celso Giannazi propôs Projeto de Lei (PL 644/19) para que o festival faça parte do Calendário Oficial da cidade de São Paulo.
No 32º aniversário dos Satyros, a festa teve um formato menor, porém não menos instigante. Pela primeira vez o evento teve modo híbrido – atrações em apresentações físicas e digitais – e se concentrou em espaços fechados, à rua foram destinadas atrações que se agruparam na Praça Roosevelt, na calçada de seus teatros e no recém-inaugurado Parque Augusta.
Assim, as Satyrianas deste ano não tiveram as tradicionais tendas que sempre acolheram parte de sua programação. A aventura da organização, no entanto, foi o resgate do clima intimista das primeiras edições. O tempo pedia bastante cautela; afinal, estamos no meio de uma grande pandemia e a palavra mais pensada pela coordenação e integrantes do Satyros foi alteridade, “a qualidade de perceber o outro, a si mesmo ou o próprio grupo social, não como o padrão, mas também como o outro”.
No ano passado as Satyrianas aconteceram 100% em modo digital. Neste ano, porém, das 385 atrações programadas – cinema, música, dança, fotografia, circo, show de variedades, performance, drag queens, entre outras –252 aconteceram em modo físico e 133 através da internet. Foram 59 filmes e 173 espetáculos de teatro, dança e performances, entre outros.
Todavia, embora o desejo de retornar ao mundo físico fosse forte, as Satyrianas não quiseram perder a característica que sempre as motivaram: o diálogo com a pólis. Desta forma, a festa ecoou em teatros de outros lugares, mundo afora.
Quatorze estados brasileiros, além do Distrito Federal, estiveram presentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, Paraná, Tocantins, Goiás e Maranhão; e seis diferentes países, além do Brasil, também participaram desta edição: Alemanha, França, Índia, Itália, México e Suécia.
Cerca de 20 mil pessoas lotaram as quase 400 atrações, realizadas por centenas de artistas. Para encerrar o evento, foram entregues os troféus aos vencedores do Prêmio Satyricine Bijou, o festival de cinema que Os Satyros realizaram em setembro, em modo digital com transmissões pela plataforma Sympla Play. Na ocasião, também, foram reveladas as personalidades Satyrianas 2021, que neste ano foram concedidas à atriz Julia Bobrow e ao editor Alex Giostri.
O troféu foi criado pela artista premiada e presidente do conselho de administração da SP Escola de Teatro, Maria Bonomi. No júri, a presença dos cineastas Alain Fresnot (presidente do júri), Hsu Chien Hsin, Silvio Tendler, a cineasta e produtora Júlia Barreto, os jornalistas e críticos Miguel Arcanjo Prado e Daniel Schenker e as atrizes consagradas do cinema nacional Nicole Puzzi e Arly Arnaud. Foram exibidos no total 83 longas, curtas e documentários nacionais produzidos recentemente, os quais ficaram disponibilizados de 3 a 7 dias. Gustavo Ferreira, coordenador geral da Satyrianas foi o organizador do evento que aconteceu do dia 22 até o dia 29 de setembro.
Entre os vencedores do 1º Prêmio Festival Cine Bijou, estiveram a atriz e cineasta Helena Ignez, a grande homenageada nessa primeira edição. Ela co-dirigiu a sequência “Luz nas trevas – A volta do bandido da luz vermelha”, lançada em 2012. Ignez tem uma trajetória de 50 anos de carreira, e atuou em premiadas produções como “O padre e a moça” (1966), de Joaquim Pedro de Andrade, e “O bandido da luz vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, com quem foi casada.
A atriz Zilda Mayo, que tem uma carreira de 45 anos dedicada ao cinema nacional, também foi premiada. O festival pretende lançar uma luz sobre a nova geração do cinema brasileiro e dar visibilidade às produções nacionais.
Clássicos do cinema brasileiro e artistas que morreram durante a pandemia foram homenageados na Mostra Memória, como Tarcísio Meira em “A idade da Terra”, de Glauber Rocha, e Eva Wilma em “São Paulo SA”, de Luis Sérgio Person. Também serão celebrados Paulo José, Sérgio Mamberti e Camila Amado. O Festival apresentou uma Mostra do Novo Cinema Brasileiro, com obras de diretores do cenário nacional e internacional, como Gabriel Mascaro (“Divino amor”), Felipe Bragança (“Um animal amarelo”), Karim Aïnouz (“Praia do Futuro”) e Marco Dutra (“As boas maneiras”).
As Satyrianas 2021, foi realizada pela Cia. de Teatro Os Satyros, co-patrocionada pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, através do edital Proac LAB, contou com apoios da ADAAP – Associação dos Artistas Amigos da Praça, Editora Giostri, Unemat – Universidade do Estado de Mato Grosso, Cine Teatro de Cuiabá, Associação Cena Onze/MT, Governo de Estado do Mato Grosso, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo, Gambiarra a Festa, A vida no centro, Secretaria de Esportes e Lazer da Cidade de São Paulo, Virada Esportiva de São Paulo, Turma do Campana City, FUPE – Federação Universitária Paulista de Esportes, Coletivo Fotomix, CineXin/MT, Curso Ator, Espaço Cia. do Pássaro, Espaço Parlapatões, Estúdio NU, Nano Teatro, Parque Augusta, Presidenta Bar e Espaço Cultural, SP Escola de Teatro, Teatro Garagem, Teatro Giostri e Sympla.
Devido o isolamento em 2020, Os Satyros decidiram criar um espaço e assim continuar perto do público, foi então que o monólogo de Ivam Cabral, “Todos Os Sonhos do Mundo”, passou a ser apresentado de modo on-line, em temporada regular, pelo Instagram. O Espaço Satyros Digital, passou a receber os espetáculos digitais da companhia, concebidos na plataforma Zoom.
Os Satyros ofereceram ao público Arte de Encarar o Medo, um teatro virtual totalmente online, mostrando um futuro distópico, onde pessoas tentam reconstruir histórias de uma vida anterior à pandemia. Em quarentena há 5.555 dias, isolados e angustiados, criaram um grupo na internet para se conectar. Esses amigos não entendem como ainda existe energia elétrica nem acesso à web, porque as emissoras de televisão e os jornais deixaram de existir e as cidades foram abandonadas. A depressão, a solidão, o medo do contágio, a angústia pela proximidade da morte e o desespero diante dos ataques diários contra a democracia brasileira perpassam as cenas do espetáculo. Roteiro: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez / Direção: Rodolfo García Vázquez.
Todos os Sonhos do Mundo (2020, temporada no Espaço Digital dos Satyros)
Para celebrar os mais de 30 anos de carreira, Ivam Cabral apresentou o seu solo/recital “Todos os Sonhos do Mundo”, que estreou em 2019, no qual mescla relatos sobre sua formação pessoal e artística, sua origem em Ribeirão Claro (pequena cidade da região norte do Paraná) e suas andanças pelo mundo com sua companhia, Os Satyros. O cerne do trabalho é calcado no processo de depressão que Ivam Cabral viveu a partir de 1999, quando foi diagnosticado bipolar. A estrutura cênica é simples: um palco digital vazio; um ator desprovido de figurinos ou adereços; um diálogo direto com o público. Ator: Ivam Cabral / Roteiro: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez / Direção: Rodolfo García Vázquez.
Em 2017, Ivan Cabral foi condecorado comendador, pela Câmara Brasileira de Cultura; e, em 2019, recebeu o Título Cidadão Paulistano, pela Câmara Municipal de São Paulo. Seu nome batizou o espaço cênico do Grupo Caixa Preta. Desde 2019, a Sala Ivam Cabral funciona na cidade de Registro, interior do Estado de São Paulo. Escreveu dezenas de textos, traduzidos para o espanhol, inglês, alemão e sueco.
Publicou os livros “Mississipi”, “Pink Star”, “Pessoas Perfeitas”, “Terras de Cabral – Crônicas de Lá e Cá” e “O Teatro de Ivam Cabral – Quatro textos para um teatro veloz” , entre outros. Pela organização da coleção “Primeiras Obras”, foi indicado ao Prêmio Jabuti, em 2010. É um dos autores da obra “Critical Articulations of Hope from the Margins of Arts Education”, publicada pela editora britânica Routledge.
Como cineasta, Ivam escreve para cinema e televisão, tendo assinado vários roteiros para a TV Cultura. Dirigiu, em 2016, ao lado de Rodolfo García Vázquez, o longa-metragem “A Filosofia na Alcova”, que ficou em cartaz no Cine Belas Artes, em São Paulo, por 63 semanas ininterruptas. Acumula, ainda, o cargo de Diretor Executivo da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Ivam prepara um novo livro, que terá uma luxuosa capa do artista Ciro Fernandes, uma xilografia que sobrepõe duas imagens do escritor. “Entre o nada e o infinito”, chegará ao mundo nos primeiros meses de 2022, pela Giostri Editora.
Com organização de Márcio Aquiles e prefácio de Lauro César Muniz, “Entre o nada e o infinito” é um diário, com escritos entre 2009 e 2021. Doze anos de histórias e divagações sobre a vida e a arte.
Nesse final de ano, Ivam celebrou o contrato dos direitos para a publicação da obra “A estátua de sal de Sodoma”, do escritor Alberto Guzik. Com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2022, a obra traz o prefácio do autor e diretor teatral, Gerald Thomas e posfácio do Ivam.
O espetáculo em cartaz “Aurora” teve as suas sessões suspensas. Embora todos os cuidados sanitários tenham sido tomados pelas atrizes e atores do grupo, o elenco de “Aurora” foi acometido pelo vírus da Influenza A. Assim, para proteger o público, desde o último domingo (12/12) o espetáculo foi cancelado. A produção decidiu suspender as sessões prezando pela proteção do público e do elenco. O momento exige cuidados intensivos e Os Satyros primam pelo respeito ao seu público que vinha lotando as apresentações do espetáculo. “Aurora” retorna suas sessões em janeiro. Acompanhe o trabalho e as novidades sobre o Ivam Cabral e Os Satyros nas redes sociais:
https://terrasdecabral.com.br/
Da Redação by Cleo Oshiro
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