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OTAN e a origem do movimento ambientalista

Depois da matéria “A ‘retomada verde’ da OTAN”, reproduzimos abaixo parte do capítulo 3 do livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial, de Lorenzo Carrasco, Silvia Palacios e Geraldo Luís Lino (Capax Dei, 13ª ed., 2019), na qual é detalhada a participação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no lançamento do movimento ambientalista internacional.

OTAN e a origem do movimento ambientalista

Depois da matéria “A ‘retomada verde’ da OTAN”, reproduzimos abaixo parte do capítulo 3 do livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial, de Lorenzo Carrasco, Silvia Palacios e Geraldo Luís Lino (Capax Dei, 13ª ed., 2019), na qual é detalhada a participação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no lançamento do movimento ambientalista internacional.

Vale constatar, igualmente, que o atual secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, era o primeiro-ministro da Noruega em 2008, quando foi criado o Fundo Amazônia, além de que seu país tem sido um dos principais financiadores do aparato ambientalista-indigenista que opera no Brasil. Não por casualidade, o país nórdico também apoiou o natimorto Corredor AAA (Andes-Amazônia-Atlântico), abraçado pelo presidente colombiano Juan Manuel Santos (2010-18), além de outras causas identitárias do mandatário do país vizinho.

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Em meados da década de 1960, o cenário estava pronto para a deflagração do movimento ambientalista de massas. A partir das determinações do Instituto Tavistock, da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e do WWF (Fundo Mundial para a Vida Selvagem), as diretrizes do movimento foram discutidas e estabelecidas numa série de reuniões promovidas na Europa sob os auspícios da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Cabe observar que este era o mesmo aparato em cujo âmbito estavam sendo discutidas as “reformas educacionais” que acabariam com os currículos clássicos em quase todo o mundo.

Um desses conclaves foi realizado em Deauville, França, com o enganoso título de Conferência sobre Desequilíbrio e Colaboração Tecnológica Transatlântica. Entre os principais participantes do evento, destacavam-se Zbigniew Brzezinski, então funcionário do Conselho de Planejamento Político do Departamento de Estado dos EUA, e o industrial italiano Aurelio Peccei, então presidente do principal think-tank da OTAN, o Comitê Econômico do Instituto Atlântico. As principais conclusões da conferência foram as seguintes:

1) O progresso científico, tal como definido pelo domínio sucessivo do homem sobre as leis universais, deveria ceder lugar a uma visão do homem reduzido a uma parte da natureza, cujas leis seriam imutáveis e incognoscíveis.

2) Os sistemas de governo baseados nos paradigmas industriais então predominantes não mais funcionariam nessa “Nova Era” pós-industrial. Os Estados nacionais se desagregariam, na medida em que o homem criasse novas maneiras mais “empáticas” de se relacionar com os seus semelhantes.

3) A promoção da contracultura do rock, drogas e “libertação sexual”, em um período pouco superior a uma geração, a transformaria na cultura global dominante, o que significaria o fim da Civilização Ocidental judaico-cristã, encerrando o que se considerava a “Era de Peixes” e abrindo a “Era de Aquário”.

Em 1968, Brzezinski publicou o livro The Technetronic Age (no Brasil, América: laboratório do mundo), no qual argumentava que essa “nova era” lançaria as bases para uma ditadura benevolente por parte de uma elite “globalizada”. A sociedade caracterizar-se-ia por uma “revolução da informação”, pela “cibernética” e pela substituição da “orientação para as conquistas” (ou seja, um sentido de propósito para a sociedade) por um “enfoque de entretenimento”, baseado em “espetáculos (esportes de massa e televisão) que forneçam um narcótico para massas crescentemente sem propósito… Novas formas de controle social podem ser necessárias para limitar o exercício indiscriminado pelo indivíduo de suas novas capacidades. A possibilidade de um extensivo controle químico da mente requererá a definição social dos critérios comuns de restrição, bem como de utilização”.

Sobre o incipiente movimento ambientalista, Brzezinski afirmava: “A preocupação com a ideologia está cedendo vez à preocupação com a ecologia. Seus começos podem ser divisados na preocupação popular sem precedentes com assuntos como a poluição do ar, a fome, a superpopulação, a radiação e o controle de doenças, drogas e atmosfera… Existe já difundido consenso de que é desejável o planejamento funcional como o único meio de enfrentar as diversas ameaças ecológicas.”

As declarações de Brzezinski foram ecoadas no livro The Chasm Ahead (O abismo à frente), escrito por Aurelio Peccei, que logo depois iria criar o Clube de Roma. Segundo ele, a “Nova Era” está entre nós. Portanto, afirma, isto requererá dramáticas mudanças na maneira como o homem governa a si próprio, bem como a sua relação com a natureza. O que se necessita é uma nova forma de “gerenciamento de crises” e planejamento.

Em outro livro, The Human Quality (A qualidade humana), Peccei repete os argumentos do príncipe Philip, fundador do WWF, ao afirmar que “o homem tem uma opinião muito elevada sobre si mesmo – o homem é parte da natureza e é apenas um animal que, por sua arrogância, coloca a natureza em perigo e, portanto, deve aceitar sua subserviência em relação à natureza”.

Mais tarde, em Cem páginas para o futuro, ele diria: “Será que foi então num impulso de criatividade ou num momento de desvario que a Natureza produziu sua última grande espécie, que chamamos de homo sapiens? Será ele sua obra-prima, ou, pelo contrário, um refugo que escapou às triagens da seleção imediata e foi provisoriamente admitido no turbilhão da vida? E acabará esta por eliminá-lo se ele for de encontro a muitas outras espécies ou se enfraquecer-se biologicamente? São questões que se tornam cada vez mais controvertidas.”

O Clube de Roma e os “limites do crescimento”

A criação do Clube de Roma, em 1968, resultou diretamente das deliberações das conferências da OTAN e da OCDE. Para presidi-lo, foi eleito Aurelio Peccei, que ocuparia o cargo até a sua morte, em 1984. Outro de seus fundadores foi o Dr. Alexander King, químico escocês que foi um dos mais graduados assessores científicos do Establishment oligárquico britânico e um dos mentores das “reformas educacionais” na OCDE. Sintomaticamente, a reunião de fundação do Clube foi realizada na propriedade da família Rockefeller, em Bellagio, Itália.

Desde a sua fundação, o Clube de Roma tem atuado ativamente como o principal centro de difusão da ideologia malthusiana do “crescimento zero”. Em 1972, o Clube publicou o seu primeiro relatório, o célebre Limites do crescimento, que recebeu ampla divulgação mundial, sendo publicado em dúzias de idiomas. O relatório, resultante de um estudo baseado num modelo computadorizado elaborado por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), pretendia demonstrar a impossibilidade de um crescimento econômico permanente devido à “escassez de recursos”. Diz o texto:

Se as atuais tendências de crescimento da população mundial – industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais – continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população como da capacidade industrial.

Tal conclusão foi obtida, entre outros artifícios, com a fraude malthusiana de considerar uma base tecnológica fixa. Posteriormente, o truque foi admitido pelo próprio Peccei, sob o argumento de que as nações industriais do Ocidente necessitavam de um “tratamento de choque”, que era o objetivo do estudo. A mesma orientação seria mantida nos documentos subsequentes divulgados pelo Clube.

Em uma entrevista publicada na revista Executive Intelligence Review (EIR), em 23 de junho de 1981, Alexander King fala abertamente sobre as articulações que levaram às “reformas educacionais” e à fundação do Clube de Roma:

Eu fui diretor-geral e, depois, secretário-geral da OCDE. Lá, conversei muito com um economista dinamarquês, Thorkil Kristensen. O Clube de Roma se originou de um sentimento de que o crescimento pelo crescimento não era uma boa coisa… No período em que isso estava acontecendo, Thorkil Kristensen escreveu um artigo para o Conselho de Ministros da OCDE sobre os problemas da sociedade contemporânea. Os ministros o discutiram – antes da agitação estudantil. O que foi discutido foi a questão da inquietação educacional, a questão da necessidade de profundas reformas educacionais para tornar a juventude mais sintonizada com o que estava acontecendo, muito mais sintonizada com as realidades da sociedade. As discussões levantaram a questão da destruição ambiental, a questão da alienação do indivíduo, rejeição da autoridade e outros temas do gênero. Tudo isto surgiu ao mesmo tempo… Foi nessa época que Kristensen e eu entramos em contato com Aurelio Peccei. Na verdade, o Clube de Roma nasceu dentro da OCDE, em torno dessas preocupações.

Prosseguindo, King fala sobre os apoios recebidos:

A Fundação Ford nos ajudou muito na OCDE. Nós iniciamos um centro para inovação educacional, fora do orçamento normal, que foi financiado metade pela Fundação Ford e metade por empresas industriais, especialmente a Royal Dutch Shell… Aí foi o início do Clube de Roma.”

Em outra entrevista à revista (EIR, 27/05/1980), o então secretário-geral do Clube de Roma, Maurice Guernier, fala com idêntica desenvoltura sobre a atuação da organização:

P: Vocês têm tido muitos problemas com a aceitação de suas ideias?

R: O grande problema é o líder nacional de um país. Por definição, um chefe de Estado é altamente nacionalista; ele não está disposto a submeter o interesse nacional de seu país a um compromisso mais elevado… Nós temos um grupo de chefes de Estado que está muito próximo do Clube de Roma. Por exemplo, Pierre Elliot Trudeau, no Canadá, Olof Palme, na Suécia… (Bruno) Kreisky, na Áustria… Mas o nosso problema ainda é um problema de poder. A nossa chave para o poder é o movimento ecologista, os partidos ambientalistas. O Clube de Roma começou estes partidos. O movimento ecológico, esses partidos, são muito úteis para nós, porque eles transcendem fronteiras, porque englobam tanto a esquerda, como a direita e, também, o centro. As pessoas não acreditam nos políticos, mas elas acreditam nos ambientalistas. Se o movimento ecologista for bem administrado, com pessoal bom… então, vocês verão populações inteiras começando a mudar suas ideias sobre muitas coisas e, então, os chefes de Estado também terão que mudar as suas ideias.

Em um documento mais recente, denominado A primeira revolução global, escrito em 1991 por Alexander King e Bertrand Schneider (então secretário-geral da entidade), os “zerocrescimentistas” do Clube de Roma chegam ao cerne da questão, ao afirmar:

Na busca de um novo inimigo para unir-nos, chegamos à ideia de que a poluição, a ameaça do aquecimento global, a escassez de água, a fome e coisas do gênero preencheriam este papel… Todos estes perigos são causados pela intervenção humana… O inimigo real, então, é a própria humanidade.”

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