Rosa Miyake, a lenda viva do Imagens do Japão

Rosa Miyake (Rosa Yochiko Miyake Okuhara) nasceu em Lins, no interior de São Paulo, em 15 de março de 1945. Caçula de 5 irmãos e dona de uma beleza exótica, começou a carreira aos 13 anos, interpretando música japonesa nos concursos e eventos na colônia oriental na cidade de São Paulo, conquistando o público jovem, tanto por seu talento quanto por sua beleza exótica. Rosa apresentou por 35 anos o programa de variedades “Imagens do Japão”.

O auge do programa que foi criado pelo marido e produtor da cantora, o radialista e jornalista Mario Okuhara em 1970, era transmitido pela Rede Tupi e exibido posteriormente na Record, Bandeirantes e Gazeta na década de 80 aos sábados pela manhã, foi a transmissão do maior festival da canção popular japonesa, o NHK Koohaku Utagassen, via-satélite para todo o território nacional. A atração promoveu a vinda ao Brasil de grandes nomes do mundo artístico japonês como a cantora e atriz Missora Hibari (grande ícone cultural do estilo enka), Yashiro Aki (ex-cantora de jazz, optando pelo enka em 1971, com o single “Ai wa Shindemo), Kobayashi Satiko (cantora de enka e dubladora) e Kitajima Saburo (cantor e compositor de enka), entre outros.

 

“Imagens do Japão” chegou a ter cinco horas de duração, aos domingos, apresentando noticiários, documentários, esportes, musicais, filmes, desenhos e novelas das principais emissoras japonesas (NHK, ASAHI, FUJI e TBS).

A cantora que chegou a se apresentar no programa Jovem Guarda na década de 60, e gravou cinco compactos simples, dois LPs (um brasileiro e outro japonês) e faixas avulsas para coletâneas da gravadora Chantecler, sem contar dois discos promocionais para a Varig e a Yaohan), cantou em companhia de Roberto Carlos para o Príncipe Akihito e até ensinou o cantor a cantar em japonês a canção Sukiyaki, gravação do cantor Kyo Sakamoto em 1961 (morto tragicamente em 1985 num dos maiores acidente aéreos do Japão (voo 123 da Japan Airlines aos 43 anos). A canção que na verdade recebeu o título de “Ue o Muite Arukou” foi batizada de Sukiyaki, o que não tem nada a ver com o prato oriental.

 

Escrita por Rokusuke Ei e Hachidai Nakamura foi grande sucesso no Brasil, chegando a ganhar versão em português pelo famoso grupo musical na época, o Trio Esperança formado pelos irmãos Evinha, Regina e Mário. Rosa recebeu o título de Bonequinha Japonesa no programa da Jovem Guarda e Porcelana Japonesa do Velho Guerreiro Chacrinha.

Gravou a versão em japonês da música Namoradinha de Um amigo Meu (Otomodachio No Koibito) com a produção dos consagrados Jiro Takemura e Akira Arita. O disco teve uma grande repercussão no Japão. Rosa também gravou “Pra nunca mais chorar”, um dos grandes sucessos da cantora Vanusa.

Participou de vários concursos musicais, como “a melhor cantora da colônia nipo-brasileira” e o troféu “Voz de Ouro” da música japonesa. Foi também a primeira princesa no concurso Miss Nikkei.

O LP “Rosa Miyake em Tókyo”, foi inteiramente produzido e lançado no Japão em 1968 pela gravadora Polydor japonesa, com arranjos das músicas dos profissionais japoneses Jiro Takemura e Akira Arita.

Seu maior sucesso foiUrashima Taro, jingle da autoria do compositor Arquimedes Messina, utilizado na propaganda que a Varig para divulgar seus primeiros voos diretos entre o Rio de Janeiro e Tóquio em 1968. “Urashima Taro” foi lançada em compacto nos idiomas português e japonês e no ano seguinte o jingle se transformou em marchinha de carnaval.

Além de cantora, Rosa foi a primeira atriz oriental protagonista de uma novela brasileira, “Yoshiko, um Poema de Amor” (TV Tupi) no ano de 1967, contracenando com Luiz Gustavo com quem fazia par romântico. A novela foi exibida no horário das 18h30 e foi baseada na radionovela cubana O Pecado de Oyuki de Yolanda Vargas Dulché.

Escrita por Lucia Lambertini e direção de Antônio Abujamra, a história gira em torno de Luís Paulo, jovem da alta sociedade paulista, que durante uma viagem ao Japão se apaixona pela jovem japonesa Yoshico (Rosa Miyake). Essa foi a primeira novela do ator Ednei Giovenazzi que interpretava o Kawaba-san.

No mesmo ano atuou na novela “Uma dúzia de Rosas”. Rosa optou por abandonar as novelas e seguir a carreira de apresentadora, comandando o programa de variedades “Imagens do Japão”. O programa que era transmitido nas tardes de domingo ficou na TV por 40 anos, apresentando assuntos relacionados ao Japão, reportagens e entrevistas com personalidades da comunidade nipo-brasileira em outras emissoras.

A oportunidade de apresentadora surgiu por acaso, quando ajudava o marido na produção do programa e certo dia a apresentadora não chegou a tempo para iniciar o programa que era ao vivo, e Rosa por conhecer sobre os bastidores teve de apresentar o Imagens do Japão. O programa era voltado para a comunidade japonesa no Brasil, mas mesmo assim conseguiu conquistar os telespectadores de todo o Brasil.

O marido Mário Okuhara, além de produtor da esposa era o responsável pela Okuhara Production ao lado do irmão, sendo também proprietários da Rádio Santo Amaro, onde Rosa apresentou um programa. Eles foram os responsáveis pelos shows da rainha da música japonesa Missora Hibari no Ginásio do Ibirapuera, com um público estimado em 40 mil pessoas levando a comunidade nipo-brasileira ao êxtase.

Em 2015, Rosa Miyake foi convidada pelo jornalista Marcelo Duarte (autor do best-seller “Guia dos Curiosos”) para participar da equipe como colaboradora do programa “Você é Curioso?” (Rádio Bandeirantes). Ela aceitou e durante dois anos, apresentou curiosidades do Japão no quadro “Imagens Curiosas do Japão”, mas devido a problemas de saúde ela deixou o programa e seu filho Mario Jun Okuhara assumiu o seu lugar. Passado um tempo mãe e filho criaram o programa “+81: Aeroporto de Hakodate”, afinal Rosa sempre sonhou com um programa musical no rádio.

O programa +81: Aeroporto de Hakodate é uma seleção musical apresentado por Rosa Miyake na Rádio Capital FM da cidade de Bastos e região. Semanalmente, uma nova playlist é elaborada com uma variedade de músicas do mainstream japonês, mas também de outras vertentes: jazz, rock, experimental, folclórica, erudito, eletrônico, post-rock e outros gêneros. As vezes por problemas de saúde Rosa se ausenta da programação por um tempo, mas sempre retorna quando se sente melhor, afinal rádio é a sua paixão.

No vigésimo programa na Rádio Capital FM, Rosa Miyake contou um pouco da sua carreira como cantora na Jovem Guarda e escolheu músicas do seu repertório e também dos artistas japoneses que marcaram sua juventude na playlist “Seishun Lidai Tapes” (Fitas da Época da Juventude). As músicas não envelhecem jamais! O programa é transmitido todas às terças-feiras, das 20h30 às 21h30 na Rádio Capital FM – 105.9. Link:http://spoti.fi/3c5m2fq

O jornalista paulistano Ricardo Taira, escreveu um livro biográfico “Rosa da Liberdade: A história de Rosa Miyake e do programa de TV Imagens do Japão”, contando a trajetória da cantora nipo-brasileira que se transformou no símbolo da comunidade japonesa. A obra foi lançada em 2018 pela Editora Contexto.

Hoje, afastada da TV, mora nos Estados Unidos de onde apresenta o seu programa.

Da Redação by Cleo Oshiro

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Cleo Oshiro
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