Jair Bolsonaro Honra o Japão como único Líder em exercício das Américas na Entronização do Imperador Naruhito

Bolsonaro, um conservador que busca estreitar os laços comerciais e a cooperação diplomática com o governo do Japão, participou da cerimônia como a primeira etapa formal de uma viagem que incluiu cinco países asiáticos e do oriente médio: Japão, China, Emirados Árabes Unidos (EAU), Catar e Arábia Saudita.

“É um prazer ser o único líder do continente americano presente na cerimônia de entronização do novo imperador japonês, Naruhito”, escreveu Bolsonaro no Twitter, acrescentando um vídeo de acompanhamento de sua chegada à cerimônia. Enquanto ele era o único líder de seu hemisfério presente, outros chefes de estado também participaram da delegação estrangeira de 2.000 pessoas. Bolsonaro reuniu-se com um deles, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, pouco depois da cerimônia.

“Em reunião com líderes mundiais e empresários nesta ocasião, também levamos o novo Brasil ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky”, escreveu Bolsonaro. Zelensky também aparece no vídeo da reunião com Bolsonaro, embora nenhum dos lados tenha apresentado detalhes sobre o que foi discutido na reunião.

É uma satisfação ser o único líder do continente americano presente na cerimônia de entronização do novo imperador Japonês, Naruhito. Em reuniões com líderes mundiais e empresários, nessa oportunidade também levamos o novo Brasil para o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. pic.twitter.com/nhc0r3Ihk7

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 22, 2019

Assim como o Brasil busca mais comércio com o Japão, Zelensky disse aos repórteres que Kyiv espera mais investimentos brasileiros na Ucrânia.

“O Brasil é nosso principal parceiro comercial na América Latina. Saúdo a expansão das empresas brasileiras na Ucrânia e das ucranianas no Brasil”, disse Zelensky. Ele acrescentou que sua administração estava buscando retirar o governo dos negócios e desnacionalizar empresas trazidas para o aparato estatal por ex-presidentes. Bolsonaro também teria concordado em visitar a Ucrânia no ano que vem e convidado Zelensky a visitar o Brasil quando lhe fosse conveniente.

Zelensky e Bolsonaro se juntaram aos presidentes Rodrigo Duterte das Filipinas, Ashraf Ghani do Afeganistão, Felix Tshisekedi da República Democrática do Congo e Uhuru Kenyatta do Quênia, entre outros, como chefes de estado presentes. Várias nações latino-americanas, incluindo a Colômbia e o Uruguai, enviam seus ministros das Relações Exteriores. Os Estados Unidos enviaram a Secretária de Transportes Elaine Chao. Carrie Lam, Chefe Executiva de Hong Kong, também participou da cerimônia em Tóquio.

Naruhito tornou-se oficialmente imperador há seis meses, após a abdicação de seu pai, Akihito. Ele adquiriu os poderes formais em uma cerimônia curta, na época, mas ainda não havia realizado a cerimônia tradicional estendida de Sokuirei-Seiden-no-Gi. De acordo com o jornal japonês Asahi Shimbun, a cerimônia estendida de Naruhito apresentou uma proclamação de que um novo imperador surgiu para o mundo. O Japão usa a mesma cerimônia para receber um imperador por quase 2.000 anos.

“Banzai! Banzai! Banzai!”

Japan’s Emperor Naruhito proclaims his ascension to the throne in an elaborate ceremony that dates back nearly 2,000 years.

He is Japan’s first new emperor in 30 years, inheriting the throne from his father who stepped down due to poor health. pic.twitter.com/uE52XBW3MJ

— DW News (@dwnews) October 22, 2019

“Comprometo-me a agir de acordo com a Constituição e cumprir minha responsabilidade como símbolo do Estado e da unidade do povo do Japão, sempre desejando a felicidade do povo e a paz do mundo, voltando meus pensamentos para o povo e ficando ao seu lado”, disse Naruhito ao completar a cerimônia de ascensão ao trono do Crisântemo.

Após a cerimônia, Bolsonaro deverá se reunir com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e brasileiros residentes no Japão. Ele planejou seu itinerário japonês para garantir pelo menos uma noite na segunda-feira para visitar Tóquio, onde ele teve algum tempo para passear livremente, já que poucos locais o identificaram como o chefe de estado brasileiro, parando no santuário Meiji Shinto.

Bolsonaro admitiu aos repórteres que desconfiava dos peixes crus, típicos da dieta japonesa, e acabou indo a um restaurante em Tóquio para sua refeição noturna na segunda-feira.

Um de seus objetivos no encontro com Abe será estreitar os laços comerciais com o Japão, incentivando o primeiro-ministro a considerar a importação de carne bovina e suína brasileira. Bolsonaro brincou, dizendo que não comeria carne no Japão até que o governo concordasse em importar carne brasileira.

O banquete após a coroação de Naruhito apresentou pratos alternativos “ocidentais” para dignitários que não estavam abertos a explorar a comida tradicional japonesa. O jantar japonês incluiu “dourada jovem grelhada, abalone cozido no vapor e sal e uma sopa de lagosta espinhosa japonesa e cogumelos ‘matsutake'”.