Bolivianos protestam contra fraude eleitoral na Bolívia
Milhares de pessoas ocuparam as ruas de diversas cidades da Bolívia na noite desta segunda-feira (21), para protestar contra uma suposta fraude que levaria o presidente Evo Morales a reeleição logo no primeiro turno, informaram as TVs locais.
Uma multidão enfurecida incendiou a fachada da sede do tribunal eleitoral da cidade de Sucre, 700 km a sudeste de La Paz, em meio aos gritos de “fraude!”, fazendo a polícia de choque recuar.
Após afugentar a polícia, os manifestantes ocuparam o acesso ao tribunal eleitoral, abandonado pelos funcionários, revelou o site do jornal Correo del Sur, de Sucre.
Em Oruro (sul), centenas de jovens tentaram ocupar a sede do tribunal eleitoral, mas foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia de choque, segundo o portal Doble Impacto.
Em Cochabamba (centro), manifestantes romperam o perímetro de isolamento do local da apuração, mas foram finalmente contidos pela polícia, revelou o jornal Opinión.
Coletivos de Potosí (sudoeste) também se mobilizaram contra a suposta fraude na apuração.
Em La Paz, grupos de opositores protestavam nas ruas e acusavam o tribunal eleitoral de fraudar a apuração para beneficiar Morales, enquanto partidários do presidente comemoravam sua reeleição no primeiro turno.
O candidato opositor Carlos Mesa já declarou que não reconhecerá os resultados de uma apuração fraudada.
“Não vamos reconhecer estes resultados, que são parte de uma fraude consumada de maneira vergonhosa e que está colocando a sociedade boliviana em uma situação de tensão desnecessária”, declarou Mesa a meios de comunicação de Santa Cruz, no leste do país.
A apuração rápida de atas (TREP), reiniciada no final da tarde desta segunda-feira, atribuía a Morales 46,87% dos votos, contra 36,73% para Carlos Mesa, com 95,30% das atas verificadas, concedendo ao presidente de esquerda 10,14 pontos de vantagem, o suficiente para vencer no primeiro turno.
O tribunal eleitoral “fraudou a apuração e deu 10 pontos de diferença (para Morales). Agora imagino que vão aumentar isto, consumando a fraude, consumando um roubo eleitoral inaceitável”, denunciou Mesa.
Segundo a Constituição boliviana, para vencer no primeiro turno o candidato deve obter mais de 50% dos votos votos válidos ou aos menos 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado.
“O governo criou uma situação impossível e denunciamos isto também à comunidade internacional”, disse Mesa, presidente boliviano entre 2003 e 2005.
A missão de observadores da OEA na Bolívia manifestou nesta segunda-feira sua “profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas” no domingo.
Quando o sistema de contagem rápida TREP foi suspenso por um tribunal eleitoral (TSE), na noite de domingo, os números “indicavam claramente um segundo turno, tendência que coincidia com a única apuração rápida autorizada e com o exercício estatístico da Missão” da OEA.
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