Cidades sul-coreanas suspendem programas de intercâmbio com o Japão
Várias cidades sul-coreanas têm cancelado programas de intercâmbio com os municípios japoneses em meio a crescentes tensões entre Tokyo e Seoul.
Busan, a segunda maior cidade da Coreia do Sul, informou neste domingo (28), que vai suspender os intercâmbios administrativos com o Japão, incluindo as visitas dos seus funcionários ao país vizinho até que a relação bilateral melhore.
Embora a cidade portuária não tenha divulgado todos os programas que irá suspender, citou como exemplo a assinatura de um acordo com a Prefeitura de Nagasaki sobre intercâmbios de boa vontade. Busan, ligada à cidade de Fukuoka no sudoeste do Japão por barcos de alta velocidade, é conhecida por seus intercâmbios ativos com o Japão.
O prefeito de Busan, Oh Keo Don, criticou na terça-feira (23) passada o endurecimento dos controles de exportação do Japão e indicou que a cidade vai considerar se vai continuar seus programas de intercâmbio com o Japão.
Yoshihide Suga, secretário-chefe do Gabinete, lamentou, nesta segunda-feira (29), a suspensão do intercâmbio administrativo com o Japão por parte de Busan.
“Embora os laços entre os governos japonês e sul-coreano estejam em uma situação difícil, os intercâmbios municipais e interpessoais devem continuar como base de entendimento mútuo”, disse o porta-voz do governo japonês.
No início deste mês, o Japão impôs controles de exportação mais rígidos sobre alguns materiais químicos ligados à Coreia do Sul, usados para fabricar semicondutores e telas para smartphones e TVs, provocando uma oposição feroz de Seul.
Os vizinhos asiáticos também estão em desacordo com a compensação pelo trabalho de guerra durante o domínio colonial japonês de 1910-1945 na Península Coreana.
A visita, de cerca de 20 estudantes de Changwon, na Coreia do Sul, a Ogaki, na província de Gifu, também foi adiada “devido à difícil relação entre Japão e Coreia do Sul”, segundo a cidade central do Japão.
Os estudantes estavam programados para jogar futebol e ficar em alojamentos particulares durante a viagem de quatro dias a partir de domingo, sob o programa de intercâmbio que começou em 1996. Mas uma associação atlética de Changwon pediu ao seu homólogo em Ogaki na sexta-feira passada para adiar a visita.
Seosan também disse à sua cidade irmã Tenri, na província de Nara, que todos os programas de intercâmbio serão suspensos por um tempo devido ao agravamento dos laços Tokyo-Seul. Tenri deveria enviar oito estudantes do ensino fundamental para Seosan na terça-feira, para acampamento e atividades de homestay com a população local.
De acordo com a cidade japonesa, Seosan disse em um e-mail a Tenri no domingo à tarde, “Os laços bilaterais enfrentam uma situação muito difícil. É muito lamentável, mas queremos cancelar” a hospedagem dos estudantes.
As duas se tornaram cidades irmãs em 1991 e realizaram intercâmbios através de visitas mútuas de estudantes e funcionários.
“Para que os japoneses e sul-coreanos explorem um caminho para melhorar seus laços de uma forma orientada para o futuro, os intercâmbios são ainda a base mais importante. Estou ansioso para que os intercâmbios sejam retomados em breve”, disse o prefeito de Tenri, Ken Namikawa.
As companhias aéreas sul-coreanas também cancelaram vôos para cidades regionais japonesas em meio a um declínio no número de turistas devido à desaceleração da economia do país e ao estreitamento dos laços com o Japão.
Em todo o Japão, 18 aeroportos locais deveriam ter 26 serviços regulares de e para a Coreia do Sul, de acordo com o Ministério dos Transportes.
No entanto, a companhia aérea sul-coreana de baixo custo T’way Air Co decidiu cancelar cinco rotas que ligam a Coreia do Sul à Saga, Kumamoto e Oita até meados de Setembro. A companhia começou a suspender os voos no final de Maio, começando pela rota Saga-Daegu.
Um funcionário do governo da província de Kumamoto citou a T’way dizendo que os vôos serão cancelados, já que muitas pessoas estão se abstendo de visitar o Japão em meio à deterioração dos laços bilaterais. “Estou preocupado se esta situação será prolongada ou não”, disse o oficial.
Alguns voos charter operados pela Korea Express Air do aeroporto de Gimpo, em Seul, para o aeroporto de Izumo, na província de Shimane, também foram suspensos, provocando cancelamentos de hotéis e restaurantes no oeste do Japão.
Em Shimane, cerca de 20% de todos os estrangeiros que ficaram na província no ano passado eram da Coreia do Sul. “Se esta situação se mantiver, sofreremos sérios danos na temporada de férias de verão”, disse um funcionário da província de Shimane.
No primeiro semestre deste ano, 3,86 milhões de sul-coreanos visitaram o Japão, uma queda de 3,8% em relação ao ano anterior, o primeiro declínio em cinco anos.
Os voos LCC de e para cidades regionais japonesas, que não transportam muitos clientes empresariais, podem ser muito afetados por mudanças na demanda e subsequentes revisões de rotas.
“Não há nada que possamos fazer”, disse um funcionário do Ministério dos Transportes do Japão.
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