O Jornal do Brasil acabou? Omar Catito Peres responde

O Jornal do Brasil acabou? A resposta é não!!! Essa foi a postagem do empresário Omar “Catito” Peres, responsável pelo retorno impresso do Jornal do Brasil. Catito publicou no dia 14 de março de 2019, na sua página pessoal do Facebook, esclarecimentos sobre a noticia que pegou a todos de surpresa. O tradicional e histórico nome da imprensa nacional, Jornal do Brasil (JB) havia retornado com a sua publicação impressa e formato standard na imprensa brasileira num domingo (25/02/2018) onde os leitores puderam adquiri-lo como nos velhos tempos. Fundado em 1891, desde 2010 estava sendo publicado apenas em versão digital, e agora em 2019 retorna novamente apenas com a sua versão online. O empresário esclarece sobre a decisão:

Quando tomei a iniciativa de trazer de volta às bancas o JB impresso, vários amigos foram contundentes em dizer que eu estava na “contramão da história”, ao relançar um produto que estava “em coma” no mundo todo .

Sabia, claro , dessa realidade. Tanto que escrevi há 15 dias, artigo comemorando um ano do JB nas bancas, onde faço um pequena analise sobre o presente e o futuro da mídia brasileira e, afirmo que dentro de muito pouco tempo os impressos vão acabar, Aqui e em todo o mundo .

O projeto, obviamente, tinha o olho no futuro, ou seja, investir pesado no JB online, com base no impresso e, com o tempo, migrar definitivamente para o jornalismo eletrônico.

Em meu plano de negócios, entendia que o impresso deveria ser nossa principal ferramenta para esse processo de transição. Pessoalmente acreditava que o impresso duraria uns 3 anos até a mudança definitiva para a web. Durou, exatamente, um ano.

Mesmo com amigos dizendo que era uma “loucura” minha iniciativa, diante desse quadro de mercado caótico para os impressos , fui em frente e apostei em uma única possibilidade , a qual , todos os que embarcaram comigo no projeto, também acreditavam : não era o lançamento de um jornal mas, sim, do JORNAL DO BRASIL, que nos traria um número suficiente de leitores para bancar, independente de publicidade (que “não existe mais” para jornais), o JB impresso.

Para atingirmos o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas, era necessário a venda de 8 mil exemplares/dia! Eu pensei e, todos pensaram a mesma coisa: MOLEZA!

Na redação, a aposta mais pessimista era de que venderíamos 10 mil exemplares/dia. Esse era o clima de quem participava da equipe de relançamento.

Fui em frente e relancei o jornal que marcou o Rio e o Brasil. Tínhamos certeza, GIlberto Menezes Cortes, Tereza Cruvinel, Hildegard Angel, Renato Mauricio Prado, Octavio Costa, Rene Garcia Jr., Jan Theophilo e diversos outros “coleguinhas” que, com dedicação, muito suor e amor ao jornal, acreditaram que faríamos recursos suficientes com as vendas em bancas e assinaturas, cujo faturamento nos permitiria não só pagar os custos operacionais mas, também, crescer.

Mas essa premissa, vender 8 mil jornais/dia, NUNCA se comprovou. No dia do lançamento, vendemos 25 mil exemplares.

E, porque isso aconteceu ? POR QUE O SER HUMANO NÃO QUER MAIS SE INFORMAR POR JORNAIS IMPRESSOS! É simples assim.

Prova disso, é que TODOS os jornais brasileiros somados, vendem , hoje, nos dias da semana, cerca de 500 mil exemplares/dia !!! Me refiro à Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, Zero Hora (que já não imprime aos domingos), e outros de menor expressão.

Repito: todos eles, juntos, vendem, durante a semana, cerca de um pouco mais de 500 mil exemplares de jornais/dia, sendo que 90% para assinantes e 10% em bancas.

Pegue esses 500 mil exemplares e divida por 220 milhões de brasileiros. Resultado: o Brasil apresenta um índice PERTO DE ZERO LEITOR de jornal impresso. Um dos piores índices do mundo.

Em outras palavras, o jornal impresso no Brasil NÃO TEM MAIS A MENOR IMPORTÂNCIA e todos, sem exceção, continuam caindo a tiragem e perdendo leitores.

Mas em nosso caso, acreditávamos que seríamos um sucesso por sermos o JORNAL DO BRASIL, sinônimo da prática de um jornalismo independente, corajoso e combativo, marcas do JB.

E fizemos exatamente isso, dando liberdade absoluta aos editores para escrever e relatar o que era importante para a sociedade. E, neste contexto, publicamos importantes matérias, sendo a mais marcante, sobre o oligopólio dos bancos no Brasil, dentre muitos outras.

Mesmo assim, as vendas não se comprovavam. Nada fazia o leitor que era contra a “mídia hegemônica e que adora e pedia um jornal independente”, comprar e/ou assinar o JB.

Fora isso, ainda tivemos bloqueios judiciais no valor de R$ 600 mil (quase três folhas de pagamento !), por ações trabalhistas, algumas , acreditem, do século passado! Evidentemente, nenhuma ação de nossa responsabilidade. Esses bloqueios contribuíram, ainda mais, para dificultar a existência do impresso.

Nos primeiros seis meses, conseguimos quase equilibrar o orçamento por conta de algumas publicidades de governos. Mas daí em diante, com o bloqueio judicial equivalente a três folhas de pagamento e com venda de 3 mil exemplares/dia, o prejuízo se tornava insustentável e o leitor “apaixonado pelo JB e que pedia um jornal independente”, continuava a ler e se informar gratuitamente pela internet.

Prova disso é que nosso site deu um salto explosivo de audiência, alcançando 3 milhões de visitantes por mês. Inacreditável!

Se de um lado o site crescia com milhões de visitantes, o impresso morria…, por falta de comprador. Foi e, é, simples assim.

Em resumo, só antecipei o que era previsto: acabar com o JB impresso e continuar investindo no JORNAL DO BRASIL online, cujo site passará por profundas modificações em seu desenho .

Mas lá estará uma maravilhosa turma de jovens jornalistas, comandado por Gilberto Menezes Cortes e nossos principais colunistas.

Vamos, a partir de hoje, convidar mais cronistas de nome nacional para participar de nosso JB que continua vivo.

Estou triste, claro, por ter sido obrigado a antecipar o fim do JB impresso.

Mas o motivo foi um só: O LEITOR QUE NÃO QUER MAIS LER JORNAL IMPRESSO.

Atendemos à essa demanda.

VIVA O JORNAL DO BRASIL, VIVO E PARA SEMPRE.

Fotos do acervo pessoal do empresário Omar Catito Peres.

Canal Oficial JB: https://www.youtube.com/channel/UC4J4Af2t2A2AbONH05II7gw

Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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