João Pires: Músico português se divide entre Portugal e Brasil.

A música do compositor, músico, guitarrista e produtor João Ricardo Ribeiro Pires, conhecido no cenário musica como João Pires não é mais que um reflexo de um português que já andou um pouco pelos quatro cantos do mundo. Define-se como cantautor: “A guitarra é o meu instrumento, faço música portuguesa deixando-a influenciar por outras linguagens que a minha vivência me trouxe e traz.” Seu repertório varia entre a canção e a música instrumental. Além do trabalho solo, João participa dos projetos “Coladera” e  “Cordel”.

Conta na sua discografia os álbuns “COLADERAS” (2012) “Caminhar” (2013) e “Lisboando” (2015) marcados por melodias conduzidas pela guitarra e fortes referências rítmicas lusófonas: Fado, Bolero, Marcha, Flamenco, Maracatu, Funaná, Morna e Batucu. Além do trabalho solo, João tem parceria no projeto “Coladera” desde 2013 com Vitor Santana, que resultou num disco com o mestre Marcos Suzano.

Marcos Suzano é um lendário percussionista brasileiro, eleito pelo conceituado site/revista brasileira Embrulhador um dos 100 melhores álbuns do ano, tendo sido premiado também pela imprensa portuguesa de música brasileira, pela própria BBC6 Radio no programa de Gilles Petterson e pela parisiense Lusophonie. O grupo se apresentou nas principais cidades do Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. La Dôtu Lado é segundo disco do Coladera (selo Scubidu) e faz, ao longo de suas 11 faixas, um passeio por vários ritmos como samba, xote, fado, lundo, funaná, entre outros. Em tom festivo confirma a proposta plural e singular de cada artista envolvido no projeto encabeçado pelo brasileiro Vitor Santana e o português João Pires. O cabo-verdiano Miroca Paris passa a somar na percussão e nos vocais, esbanjando DNA musical e bagagem da mais alta qualidade: além de sobrinho do Tito Paris, uma verdadeira lenda em seu país, ele tocou por doze anos com Cesária Évora, eternizada como a rainha da morna. Marcos Suzano segue como colaborador afetivo e também efetivo no álbum.

Todas as canções são cantadas em português, com exceção da faixa-título, La Dôtu Lado, em língua crioula, de base lexical portuguesa, originária de Cabo Verde. A base afiada de violões salpicada por batuques vibrantes é combinada com sofisticação poética presente nas letras. Colaborativo e diverso, o trabalho explora diálogos que continentes são incapazes de separar. Os parceiros nas letras são: o escritor angolano José Eduardo Agualusa, autor de obras premiadas como A Conjura e Teoria Geral do Esquecimento, em A Luz de Yayá; o poeta português Márcio Silva, em Céu Azulino, Ana Sofia Paiva, a contadora de histórias portuguesa, em Deserto do Sal, a compositora brasileira Brisa Marques, em Mandiga e Algum Lugar em Nós; o cabo-verdiano Bilan assina Primer Letra Dino D’ Santiago, também de Cabo Verde na música que dá nome ao disco.

O álbum conta com a presença das cantoras mineiras Nath Rodrigues, também multi-instrumentista, e Raquel Coutinho. A angolana Aline Frazão empresta sua doçura no dueto de Mandinga. O time de músicos traz uma seleção de primeira: Marcos Suzano (percussão), Elmano Coelho (sax tenor), Diogo Duque (flugelhorn e trompete), Daniel Guedes (percussão), Francisco Valente (baixo) e André Xina, na programacão.
Língua e sotaques, pés no mar e olhar nas montanhas, o gingado e a introspecção, a origem e suas ressignificações permeiam La Dôtu Lado dando ao ouvinte a constante sensação de pertencimento. O brasileiro que não conhece Angola, o moçambicano que nunca pisou em Portugal, o cabo-veridiano que jamais explorou Timor Leste, assim por diante. Nada nos separa e tudo nos é familiar nessa cadência.
O nome do projeto faz referência ao ritmo popular cabo-verdiano coladeira, nascido da morna, por sua vez originada de ritmos como o fado português e o lundum angolano, e influenciada pelo samba, pela rumba e pela cumbia. É símbolo deste fluxo vivo que constitui o encontro de diferentes matrizes da música popular iberoamericana, a um só tempo tradicional e mestiça, negra e branca, raiz e invenção.
Os mundos do Brasil, Portugal e Cabo Verde se fundem num diálogo baseado somente em violões, percussões e vozes, trazendo um ambiente sonoro rico em mesclas e mestiçagem. Ouvem-se ecos de África, do candomblé, do fado e do flamenco, do samba, da rumba e do mambo, um português com sotaques diferentes, a eletrônica nascida do acústico. Tudo isso da maneira mais crua, direta e autoral.

“Lisboando”, seu último CD é marcado por melodias conduzidas pela guitarra e abordagens às variadas linguagens musicais como Fado, Bolero, Marcha, Flamenco, Maracatu, Funaná ou Batuque, todas elas compostas de sonoridades que, desde sempre, atraem bastante o músico. Este disco conta também com as participações especiais de Aline Frazão, Cristiana Águas, Dino D’Santiago e Pedro Moutinho e dos músicos Marcos Pombinho, Francesco Valente, Diogo Duque, Ivo Costa, Sebastian Scheriff, Miroca Paris, João Frade, Marcos Suzano e Poliana Tuchia.

Falar da música de João Pires é falar da diversidade e abrangência de linguagens. Guitarrista brilhante que nela encontra o estímulo para a composição e interpretação de suas músicas, foi na canção popular portuguesa, no fado de Lisboa, na morna e coladera caboverdiana e nas influências da música brasileira que encontrou o pulsar de sua música.

O trabalho deste compositor está entre a guitarra, a canção e as parcerias com os mais variados músicos que tem colaborado. É entre esta dualidade, composição para guitarra e composição de música em forma de canção, que este jovem músico vai explanando sua música e vem sendo cantado por grandes artistas da World music como Sara Tavares, Ana Moura, Aline Frazão e Dino de Santiago e tem diversas parcerias de canções com letristas como Amélia Muge, Brisa Marques, José Eduardo Agualusa, Ana Sofia Paiva e Edu Mundo. Com Edu Mundo (portuense, compositor, poeta e contador de histórias), João faz parceria no álbum “Cordel”, com letras e histórias que trazem influências da poesia e das novelas de Cordel.

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Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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