Filipinas: Duterte promete matar mais suspeitos, para vencer a guerra das drogas. O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou que o problema do narcotráfico no país se tornou uma ameaça à segurança nacional, e que pretende emitir uma ordem oficial para que os militares ajudem no combate às drogas.
Duterte disse, na quinta-feira, que não pretende declarar a lei marcial, mas acrescentou que sua guerra contra as drogas ilegais continuará.
“Estou conversando com as AFP (Armed Forces of the Philippines – Forças Armadas das Filipinas) levantando a questão das drogas como uma ameaça de segurança nacional, portanto, chamarei as forças armadas para ajudarem”, disse ele em um discurso, transmitido on-line de sua cidade natal, Davao.
Referindo-se a suspeitos do narcotráfico, ele disse, em uma mistura de Filipino e Inglês: “Você sangra por esses filhos da p***a. Quantos? Três mil? Eu vou matar mais, se for para nos livrar das drogas.”
Duterte fez a declaração depois que o ministro da Defesa das Filipinas o exortou, na quarta-feira, a pedir ajuda aos militares para perseguir criminosos e policiais corruptos.
A polícia filipina, a principal autoridade policial do país, disse, anteriormente, que suspenderia sua campanha antidrogas e “limparia” suas fileiras, depois que foi revelado que alguns de seus oficiais estavam realizando operações de sequestro por resgate, usando a guerra contra as drogas como acobertamento.
Jee Ick-joo, um homem de negócios sul-coreano que morava nas Filipinas, estava entre os que foram vítimas do sindicato policial.
Seu assassinato, dentro da sede policial filipina, em Manila, provocou uma investigação do Congresso, causando embaraço internacional para Duterte.
Na segunda-feira, Duterte atacou a polícia, dizendo: “Você está corrompido até a medula, está no seu sistema.”
Até de 31 de janeiro, houveram 7.080 mortos, durante os primeiros sete meses da presidência Duterte, de acordo com a polícia.
Desse número, 2.555 foram mortos em operações policiais, enquanto 3.603 outros foram mortos por suspeitos desconhecidos.
Economia da Morte
Na quarta-feira, a Anistia Internacional Filipinas informou que os policiais estavam sendo pagos pelo governo para matar suspeitos de tráfico de drogas.
“Não se trata de uma guerra contra as drogas, mas sim de uma guerra contra os pobres.” Com frequência, as pessoas acusadas de usar ou vender drogas estão sendo mortas por dinheiro, numa economia de assassinato “, disse Tirana Hassan, Diretora.
A investigação da Anistia Internacional documentou pelo menos 33 casos envolvendo assassinatos de 59 pessoas.
Uma investigação anterior da Al Jazeera também revelou que policiais estavam envolvidos em tentativas de assassinatos de suspeitos de tráfico de drogas desarmados, que já haviam se rendido às autoridades.
Porém, em seu discurso na quinta-feira, Duterte foi inflexível, dizendo que mesmo o presidente dos EUA, Donald Trump, apoia sua política, repetindo os detalhes de sua conversa com o líder norte-americano, em dezembro.
Ele já disse que sua guerra contra as drogas continuaria até o final de seu mandato, em 2022.
Enquanto isso, a Human Rights Watch (HRW) alertou contra a militarização da guerra contra as droga de Duterte.
“Utilizar pessoal militar para policiamento civil, em qualquer lugar, aumenta o risco de força desnecessária ou excessiva e táticas militares inadequadas”, disse Phelim Kine, subdiretor da HRW, em comunicado à Al Jazeera.
Kine disse que há também uma “cultura profundamente enraizada da impunidade para abusos militares” nas Filipinas, e que a “longa história de mascaramento de execuções extrajudiciais” de supostos rebeldes comunistas “tem sinistros paralelos” com as operações antidrogas da polícia.
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