Morre aos 71 anos Elke Maravilha. Morreu no início da madrugada do dia (15) aos 71 anos, com falência múltipla dos órgãos, a polêmica, ousada e irreverente Elke Maravilha. Internada desde o dia 20/06 na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, na Zona Sul, onde sofreu uma cirurgia de úlcera, ficando em coma induzido. Elke teve várias complicações após a cirurgia, tendo os problemas agravados devido ao problema da diabetes. A atriz morreu por volta de 1h da madrugada. Antes de ser internada Elke estava se apresentando pelo país com o espetáculo “Elke canta e conta”.

13532850_832413970191794_7947179430602578728_nFilha de pai russo e mãe alemã, Elke Grunupp nasceu na antiga Leningrado, hoje São Petersburgo. Segundo suas informações, seus pais teriam sido perseguidos por Josef Stalin e aos seis anos de idade, eles resolveram imigrar para o Brasil, um país visto como promissor e acolhedor de estrangeiros. O casal junto com seus três filhos, instalaram-se num sítio em Itabira, no interior de Minas Gerais.

11018735_896949690326099_8223036423503619468_nFoi lá que Elke e seus dois irmãos, passaram toda a sua infância, convivendo com todo tipo de animais rurais, vivendo como uma legítima camponesa. O casal não quis se mudar para uma colônia pois queria viver realmente como brasileiros e aprender os hábitos do país, tanto que Elke se surpreendeu ao conhecer pessoas de diversas etnias e orientações sexuais, um misto de pessoas que não havia em seu país, na época. Quando Elke se tornou adolescente, a família se mudou para um sítio em Jaguaraçu, outra cidade do interior mineiro, onde Elke continuou a conviver na vida rural, com trabalhos do campo.

Lá nasceram seus dois outros irmãos. Muito inteligente, na adolescência já falava, segundo ela mesma afirma, nove idiomas:inglês, italiano, grego, francês, latin, espanhol, russo, alemão e o português. Alguns desses idiomas foram aprendidos em casa, por causa de sua raízes germânicas, e outros aprendeu em cursos, que seus pais pagaram com dificuldade. Aos 20 anos saiu de casa em busca da sua independência, fixando residência no Rio de Janeiro e pagava seu aluguel trabalhando como secretária bilíngue em escritório. Ela sempre gostou de estudar, tendo feito faculdade de Letras, se formou professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras. Para pagar seu aluguel e sua faculdade, Elke trabalhou como bancária, secretária trilíngue e bibliotecária. Foi também a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês na União Cultural Brasil – Estados Unidos.

11221514_782639308524056_3636953685370163493_nCom uma personalidade forte e polêmica, Elke foi presa no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, em 1971, depois de rasgar, aos gritos de “covardes, como ousam, vocês já o assassinaram!”, cartazes com a fotografia de Stuart Angel Jones, filho de sua grande amiga e estilista Zuzu Angel, que conheceu na época que desfilava. Foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional, o que a deixou apatriada. Só foi solta depois de seis dias após a intervenção de amigos da classe artística. Anos depois, requisitou a cidadania alemã, a única que possui.

Elke sempre chamou a atenção por ser bastante alta e loiríssima, e não pensava em seguir carreira artística, já que dava aulas de língua estrangeira há alguns anos, e gostava do que fazia. Apesar disto, foi convencida por muitas pessoas, pois era considerada de uma beleza exótica para os padrões do Brasil. Aceitou os convites que vieram e começou a sua carreira de modelo e manequim aos 24 anos de idade, com Guilherme Guimarães, tendo trabalhado para grandes estilistas, considerada como inovadora nas passarelas.

984271_630461600421009_5756161805041125359_nMuito famosa no mundo da moda, parou de dar aulas e conquistou muito sucesso. Fez cursos de cinema e teatro, e chegou a trabalhar na televisão: Seu desempenho como a dona de um bordel na minisérie Memórias de um Gigolô foi tão arrebatador que foi convidada a ser madrinha da Associação das Prostitutas do Rio de Janeiro.

Seu nome artístico foi dado pelo jornalista Daniel Más e lançado no ar pelo Velho Guerreiro Chacrinha, com quem ela trabalhou durante 14 anos.

No filme Zuzu Angel (2006/0, Elke foi interpretada pela atriz Luana Piovani. Ela ainda aparece em participação especial cantando num cabaré a música alemã ‘Lili Marlene’, da cantora e atriz Marlene Dietrich. O filme aborda a amizade de Elke com Zuzu, e conta o episódio de sua rápida prisão por desacato durante o regime militar brasileiro, fato que fez Elke perder sua nacionalidade brasileira.

11021450_892579284096473_1952090069250556820_o Elke Maravilha tornou-se popular na TV brasileira nos anos 70 e 80, aparecendo como jurada de programas de calouros cantores do Chacrinha e do Silvio Santos. Nesses programas sempre usava perucas e roupas chamativas e buscava passar mensagens positivas para os espectadores.

Sua vida pessoal sempre fora muito conturbada. Morou em diversos países e teve oito casamentos, com homens de diversas nacionalidades. Fez três abortos, fruto de seus três primeiros casamentos, pois jamais quis ser mãe, e sempre achou que com seu jeito rebelde de ser, jamais poderia educar uma criança de forma digna.

Conta em entrevistas que tomava pílula anticoncepcional, mas fora enganada por alguns desses maridos, que queriam ser pais, e em vez de tomar a pílula certa, Elke tomava a pílula de farinha. Após descobrir isto, começou a usar DIU. Elke também conta que fora usuária de todos os tipos de drogas ilícitas, além de todos os tipos de bebida alcoólica, e que hoje em dia não usa mais drogas, onde seu único vício é o cigarro e bebidas destiladas, mas com moderação. Diz que não tem preferência por nenhum tipo de homem, e sim tem pressa de namorar. Hoje em dia mora com seu irmão e com seu oitavo ex-marido, tendo eles se tornado amigos. Conta que não quer mais se casar e só namora de vez em quando.

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Cleo Oshiro
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