Fukushima ainda enfrenta a crise de água contaminada. O vendedor de Peixes, Satoshi Nakano, sabe que os peixes capturados na costa de Fukushima, no mar contaminado por radiação, são impróprios para consumo.
No entanto, cinco anos depois do pior acidente nuclear desde Chernobyl, ainda não há consenso sobre a verdadeira extensão dos danos, exacerbando o receio dos consumidores sobre o que é seguro comer.
Os ambientalistas estão em desacordo com as autoridades, alertando para as enormes quantidades de radiação que se infiltraram em águas costeiras, depois do poderoso tsunami que causou o colapso da usina nuclear de Fukushima Daiichi, em 11 de março de 2011, que poderia causar problemas durante décadas.
O governo japonês está confiante de que muito da água radioativa não foi para o oceano, mas os ativistas insistem que a água subterrânea, contaminada, continua a se infiltrar no Oceano Pacífico, e a situação precisa ser melhor investigada.
“Foi a maior contaminação radioativa no ambiente marinho, na história”, disse à AFP o especialista nuclear do Greenpeace Shaun Burnie, no convés do navio Rainbow Warrior, que navegou por três semanas para apoiar a pesquisa marinha na área, que a vigilância ambiental está realizando.
Fukushima está enfrentando uma “enorme crise de água nuclear”, avisou Burnie.
Ele acrescentou que: “A idéia de que esse acidente aconteceu há cinco anos e que Fukushima e o Japão já superaram, está completamente errado.”
Com a contaminação existente, os pescadores estão proibidas de operar dentro de um raio de 20 quilômetros, a partir da usina.
Embora não existam números sobre o comportamento da população em relação aos frutos do mar, sozinho, o último levantamento oficial da Agência de Consumo do Governo apresentou, em setembro, que mais de 17% dos japoneses estão relutantes em comer alimentos de Fukushima.
Nakano sabe que a melhor opção para os negócios é considerar, cuidadosamente, o tipo de frutos do mar que ele vende, na esperança de que isso irá acabar com os temores dos consumidores.
“Altos níveis de radioatividade são geralmente detectado em peixes que se movem pouco e ficam no fundo do mar. Eu não sou um especialista, mas acho que esses tipos de peixes sugam a sujeira do fundo do oceano “, disse à AFP, desde sua cidade natal de Onahama.
O Greenpeace está examinando as águas perto da usina de Fukushima, dragando sedimentos do fundo do oceano para verificar onde há contaminação e onde não há.
Na segunda-feira, o Rainbow Warrior navegou a 1,6 quilômetros da costa de Fukushima, como parte do projeto – o terceiro teste é realizado, o mais próximo da usina desde o acidente nuclear.
Os pesquisadores, na terça-feira, enviaram um veículo de controle remoto conectado a uma câmera e uma pá, a fim de recolher amostras do fundo do mar, que serão depois analisadas em laboratórios independentes, no Japão e na França.
“É muito importante (para ver), onde está mais contaminado e onde está menos, e, mesmo não contaminado”, disse à AFP o membro do Greenpeace Jan Vande Putte, destacando a importância dessa pesquisa para a indústria da pesca.
Os pescadores locais colocam frutos do mar a venda depois de um teste completo, que inclui a rastreamento de radiação de determinados espécimes, vistos como de alto risco, programa que o Greenpeace elogia como sendo um dos mais avançados do mundo.
Os testes garantem que nenhum peixe que contenham mais da metade do padrão de segurança do governo para a radiação, vá para o mercado.
O desastre de 2011 foi causado por um terremoto submarino de magnitude 9,0 na costa nordeste do Japão, que, em seguida, provocou um enorme tsunami que inundou os sistemas de refrigeração e provocou o derretimentos dos reatores na usina de Fukushima Daiichi, dirigida pela operadora Tokyo Electric Power (TEPCO).
Hoje, cerca de 1.000 enormes tanques para armazenar a água contaminada ocupam grande parte do local, mas como 400 toneladas de águas subterrâneas fluem, por dia, dos prédios dos reatores danificados, muitos mais serão necessários.
A TEPCO disse que está tomando medidas para impedir que a água vaze para fora do local, incluindo a construção de um muro congelado subterrâneo, a própria terra e um sifão de água subterrânea.
O governo também insiste que a situação está sob controle.
“A água contaminada está completamente contida no interior do porto da usina de Fukushima”, disse ministro responsável pela reconstrução de desastres, Tsuyoshi Takagi, aos repórteres, na terça-feira.
Porém, Burnie do Greenpeace, diz que parar o fluxo de águas subterrâneas é crucial para proteger a região.
“Que impacto isto terá sobre a ecologia local e a vida marinha, o que acontecerá ao longo de anos, décadas?”, Perguntou Burnie.
Ele acrescentou que: “Nós podemos voltar daqui a 50 anos e ainda estarmos falando sobre problemas radiológicos” da usina nuclear, bem como ao longo da costa.
Fonte: Japan Today http://www.japantoday.com/category/national/view/tainted-water-fukushima-still-faces-contamination-crisis
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