Os riscos e benefícios do uso da energia nuclear para as populações e o meio ambiente estão sendo debatidos no seminário internacional Usinas Nucleares – Lições da Experiência Mundial, promovido em Brasília pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.
O evento reúne parlamentares, especialistas, cientistas e autoridades do Brasil e de cinco países que já sofreram ou temem sofrer desastres nucleares.
Com medo que ocorram no Brasil vazamentos de material radioativo como aconteceu em Chernobyl (Ucrânia), em 1986, e em Fukushima (Japão), em 2011, os parlamentares brasileiros se opõem à construção de novas usinas nucleares no país. Segundo os senadores e deputados, as vantagens do uso da energia nuclear não são suficientes ante os riscos de acidentes.
O presidente da Comissão, Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), diz que primeiro é preciso focar em mais estudos sobre a segurança das usinas nucleares, antes de se pensar em sua construção.
Em 2011, o senador apresentou um projeto de lei que proibia novas usinas nucleares por 30 anos no Brasil, período que, segundo ele, seria necessário para que novas pesquisas surjam trazendo menos riscos ou que se descubram alternativas ao uso da energia nuclear no país.
“Eu espero que tenhamos ao final do seminário um documento, uma carta de Brasília dizendo o que nós pensamos sobre como evitar a necessidade do risco da energia nuclear ou evitar os riscos da necessária energia nuclear, este é o nosso desafio.”
O ex-ministro do Meio Ambiente e criador da Frente Parlamentar Ambientalista para o Desenvolvimento Sustentável, Deputado Sarney Filho (PV-MA), também acha que o Governo não deve levar adiante a ideia de construir – além de Angra 3, que está sendo concluída – outras quatro usinas até 2030.
Segundo Sarney Filho, a energia nuclear é desnecessária para o Brasil, pois representa menos de 3% da oferta de energia elétrica no país. O deputado maranhense acredita que o Brasil deveria investir nas fontes de energia renováveis como biomassa, eólica e solar.
Para a subprocuradora-geral da República, Sandra Verônica Cureau, um dos principais problemas é a destinação dos rejeitos radioativos, que são os subprodutos gerados a partir de materiais que contêm substâncias radioativas em altas quantidades e não podem ser reaproveitados.
“Nós não estamos na situação de vários países que não têm possibilidade de fazer uso da energia limpa”, diz a subprocuradora. “Então, que necessidade nós temos de submeter a vida e a saúde da população e o meio ambiente a riscos desnecessários?”
Presente ao seminário, o ativista social Francisco Whitaker, membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz, também se manifestou contra a decisão do Governo de prosseguir com a construção da usina nuclear de Angra 3 após o acidente nuclear em Fukushima, no Japão. Segundo ele, ao mesmo tempo que a sociedade é beneficiária da energia nuclear, ela também se torna potencial vítima de um acidente. Para o ativista, é preciso aprofundar o debate com a população sobre os riscos desse processo de geração de energia.
Também participou do seminário, por videoconferência, o ex-primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, que falou sobre o acidente nuclear de Fukushima.
br.sputniknews.com
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