Adriana Sanchez fala sobre homenagem a Luiz Gonzaga. Adriana Sanchez está com trabalho novo, onde faz uma bela homenagem ao Rei do Baião Luiz Gonzaga. Adriana é cantora, musicista e idealizadora do grupo feminino de grande sucesso Barra da Saia. Não pensem que ela parou com a Barra da Saia, mas apenas faz um trabalho solo paralelo com o grupo assim como as demais integrantes. Adriana é natural da cidade de Santo André-SP e viaja o Brasil inteiro se apresentando em trabalho solo ou com o grupo. Aqui ela fala sobre um pouco de tudo, inclusive sobre a bela homenagem ao querido Luiz Gonzaga.

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Adriana, depois de quantos anos como integrante do grupo Barra da Saia, você gravou seu primeiro CD solo?
Eu criei a Barra da Saia em 1998 e comecei a idealizar esse projeto em 2012, então a Barra da Saia já estava com 13 anos de muitas conquistas, de muita estrada e muita história, por isso achei que era o momento de um novo desafio e nasceu o Salve Lua.

O Salve Lua sendo uma homenagem ao Rei do baião Luiz Gonzaga, quais foram os critérios para a seleção das músicas do CD?
Bom , Luiz Gonzaga é um gênio de muitas canções conhecidas, fica realmente difícil escolher e a vontade era fazer um albúm triplo se eu pudesse. Ficou mais difícil ainda porque canto e toco muitas coisas dele, muitas são menos conhecidas e pra completar, a beleza do repertório dele dificultou bastante essa escolha, mas eu acabei seguindo minha intuição e optei pelas músicas conhecidas para que até quem não conhecesse muito Luiz Gonzaga pudesse entender as diferenças nas propostas dos arranjos.

Como e quando surgiu a idéia de fazer essa homenagem ao Luiz Gonzaga?
Quando eu pensei em lançar algo solo, pensei de cara nele. Sou sanfoneira e ele é um dos sanfoneiros mais ilustres da história da música brasileira, tem lindas músicas, foi o artista que popularizou a sanfona e que fez ela ter a força de carregar multidões. Tenho imenso respeito, admiração pela música e pela história dele. Luiz Gonzaga é muito atual, suas músicas poderiam ter sido feitas hoje porque os temas ainda são muito atuais, a seca, as festas juninas, o amor, o tempo não passou pra obra de Luiz Gonzaga. Foi minha maneira de homenagear o artista que criou um estilo que até hoje nos emociona.

Apesar de ser clássicos, você imprimiu sua identidade nesse trabalho?Cover HOHNER_Accordions_2012_ENG
Eu não sou nordestina, sou paulistana, então gravar um CD com um trio nordestino, com a sonoridade do Nordeste não seria minha verdade, acredito que não seria algo genuíno, eu seria simplesmente alguém pegando carona em algo que já sabemos que dá certo, além de ser extremamente acomodada. Eu queria desafio, sabia que corria o risco de não ser compreendida afinal mexeria em obras consagradas e com arranjos tão lindos, mas eu queria deixar minha marca, minha personalidade, era como fazer meu depoimento dessa obra. Claro que o xote, o baião, a raiz da música nordestina estão preservadas, mas eu coloquei as batidas eletrônicas, criei samplers, coloquei pedais de efeitos na sanfona e trouxe o Nordeste para a urbanidade paulista, vejo meu Gonzagão mais world music. Escolhi correr o risco e preferi ousar do que me acomodar.

Você contou com a participação de convidados especiais. Quem esteve presente nesse tributo?
Tive amigos queridos, pessoas que admiro muito como Zeca Baleiro amigo desde a época que eu tocava com Itamar Assumpção e que cantou lindamente Assum Preto, Lola Membrillo, cantora argentina que faz parte de um grupo chamado Perotá Chingo cantando Último Pau de Arara com um pedaço em espanhol que ficou incrível. Tive o ator, cantador e poeta Gero Camilo no Xote das Meninas com o vocal das Orquídeas do Brasil e o Rapper RAPadura fazendo uma embolada rap no Qui Nem Jiló com o arranjo e piano de Renato Neto que é pianista do cantor Prince. Todos foram maravilhosos, fortes, entregues em cada canção. Sou muito grata pelo amor e pela música destes amigos.

Foi realizado o DVD também?
Sim, estávamos no processo de arranjos do CD quando fui convidada pra gravar esse meu projeto para um especial de TV. O cenário, a luz, tudo foi pensado para que o especial virasse um DVD e foi o que aconteceu. Ficamos tão contentes com o resultado que ele foi lançado antes do CD por isso algumas músicas tem outros arranjos que estão apenas nesse ao vivo e o DVD conta com mais canções que o CD. A proposta era um ao vivo, como um show e foi algo mais cênico contando com uma artista circense fazendo intervenções.

Foi muito difícil selecionar as músicas que estariam no CD, afinal ele tem no seu currículo mais de 500?
Muuuuuuuitooooo. Foram algumas noites de insônia tentando desapegar de músicas que adoro e que já não cabiam mais. No início minha lista tinha 60 músicas. Ai fui reduzindo, foi prá 50,45, 36…e assim foi. Tirava, colocava, voltava , tirava (hehe), muito difícil. No processo todo eu tive a parceria do Bosco Fonseca e do Edson Guidetti que dividem comigo os arranjos e que são os produtores musicais do Salve Lua e eles foram essenciais para eu fechar o repertório , porque eles não tinham esse apego emocional e me devam uma direção que ia de encontro com a minha proposta, de fazer a releitura. Eles foram essenciais e sem eles com certeza eu não teria chegado a esse resultado que me deixou imensamente feliz. Deixo registrado aqui minha gratidão a eles.

CAPA DVD ADRIANA SANCHEZChegou a conhece-lo pessoalmente?
Nossa…infelizmente não…seria demais ter conhecido o Lua, mas me sinto muito próxima, esse mergulho da obra dele, de uma certa forma nos transformou em parte um do outro.

Além de cantora e musicista, você fez um filme sobre a Irmã Dulce. Como foi a experiência de atriz?
Foi simplesmente incrível. O Padre Antonio Maria era muito amigo dela e prometeu fazer esse filme. A Irmã Dulce tocava sanfona, coisa que eu não sabia. Quando ele me fez o convite eu fiquei surpresa e respondi: Mas Padre eu não sou atriz!! ele riu e respondeu : Agora é filha!! Como eu poderia negar esse convite feito com tanto amor. Ele confiou que eu seria capaz de fazer alguém tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Foi um grande desafio. Nós nos emocionamos durante a filmagem, choramos, rimos, foram dias intensos, mas sou grata a confiança dele em mim.

Você é a fundadora do grupo Barra da Saia. Como fica a agenda do grupo com as integrantes fazendo trabalho solo?
É muito tranquilo porque é tudo uma questão de organização. A Barra da Saia sempre teve sua agenda organizada de uma maneira que a gente possa manter um pouco de vida pessoal, para conviver com nossas famílias, ter férias, viajar. Sempre tentamos na loucura de shows, TV, manter essa qualidade de vida. Por isso é só organizar as agendas do grupo com meu projeto solo com muito respeito e cuidado.

A formação do grupo permanece a mesma desde o início?
Não, afinal são 17 anos… é o ciclo da vida, renovar, algumas cumpriram seu ciclo e seguiram seus caminhos. Da formação original ficamos apenas eu na sanfona e voz e a outra Adriana na viola e voz e hoje temos a Dede Soares na guitarra e a Carol no violino.

O grupo tem uma miscigenação de gêneros, mas são consideradas country. Vai seguir essa mesma mistura na carreira solo?
A Barra da Saia é a mistura dos sons das nossa influências. A base é a música caipira tradicional e a isso somamos a guitarra mais pesada do rock, o violino do country, a sanfona da música da fronteira como polcas, chamamés e a viola caipira traz o sotaque tradicional. Nosso som é nosso, com nossa influência, nossa personalidade que batizamos de Roça’n Roll. Na minha carreira solo eu busco juntar meus sons, minha personalidade, sou uma pessoa que acredita que música não tem rótulos, que as misturas são bem vindas, não vejo porque temos que seguir apenas um estilo quando temos várias influências, eu tenho muitos sons dentro de mim e quero intercambiar com artistas do mundo, sotaques e sons diferentes. Meu som tem um nome: MÚSICA.

Quantos CDs gravados o grupo tem até o momento?
Temos 5 CDs e 2 DVDs.

A Barra da Saia recebeu várias indicações de prêmios na música?Adriana Sanchez 2
Nossa carreira é muito respeitada no meio musical porque foi construída com muito cuidado e respeito ao que queremos passar ao nosso público, ao carinho nos arranjos e a escolha de repertório e isso nos retornou com indicações incríveis como o Grammy Latino. Acho que isso é uma forma de termos o retorno de que estamos no caminho certo.

Quando lançaram o DVD em comemoração aos 10 anos da Barra da Saia, a renda foi revertida em doação ao Hospital de Câncer em Barretos?
Sim, a Barra da Saia sempre foi atuante com ações sociais. E quando fizemos 10 anos tínhamos que retribuir tantas conquistas, tantos shows, tanto carinho, tanta prosperidade . O Hospital sempre foi nosso parceiro já que há 10 anos sempre participamos dos CDS e DVDS Direito de Viver ao lado de vários artistas que abraçam essa causa e eles foram a primeira escolha.Tive a idéia de doar a renda a eles e as meninas toparam. O DVD teve várias participações : Pepeu Gomes, Zeca Baleiro, Sérgio Reis, As Galvão, Amon Lima e somos as únicas artistas que doaram 100% da renda de um produto ao Hospital. Foi lindo ver nossa música se transformar em vida.

Adriana, quando surgiu seu interesse pela sanfona?
Eu nem sei dizer porque toco sanfona…ela foi sorrateira… sempre digo que eu não escolhi a sanfona, foi ela que me escolheu, ela caiu no meu colo, se vestiu de mim e me fez virar a sanfoneira.

Que outros instrumentos toca?
Eu toco piano que foi meu primeiro instrumento, sanfona, violão e ukulele. Apesar do piano e da sanfona que são meus instrumentos, todas as músicas que compus foram no violão, eu crio melhor com ele.

Quando e como iniciou na carreira musical?
Eu comecei a tocar piano erudito com uns 7 anos, mas a finalidade era valorizar minha formação de bailarina. Fui bailarina do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo . Meu sonho era entrar em uma companhia internacional e viajar o mundo dançando mas a música me raptou e eu deixei o ballet totalmente de lado e aos 15 anos comecei a tocar música popular e já ser convidada pra tocar profissionalmente. A bailarina deu espaço pra sanfoneira e de certa forma se cumpriu meu desejo que era viver no palco, viajando, conhecendo lugares, culturas, gente.

Adriana Sanchez 1Você foi a primeira sanfoneira a receber patrocínio internacional da Hohner Musikinstrument da Alemanha. Ainda está com eles?
Sim, eu sou a primeira e única no Brasil e é uma honra representar meu país e essa marca tão respeitada e conceituada no mundo. Estamos juntos desde 2011 e desde então minha imagem é a imagem da Hohner pelo mundo. Ser escolhida num país de tantos talentos e tantos sanfoneiros incríveis é algo indescritível e hoje minha imagem é divulgada ao lado de Stevie Wonder, Bob Dylan, John Lennon. Também tenho a honra de ser patrocinada pela Lanikai que produz ukulele, dos pianos Roland e dos pedais da Boss Efeitos. Graças ao apoio dessas marcas tão conceituadas minha música não tem limites.

Em 2013 você participou de shows da banda japonesa Beggin, durante as apresentações deles no Brasil. Como foi essa experiência?
Eles são demais, talentosos, profissionais, divertidos. Eu recebi o convite aqui no Brasil através do grupo Bandolim Elétrico que tocaria com eles como convidados, mas eu não conhecia o trabalho do Beguin, fui pesquisar e adorei . Foi uma surpresa ver o Anhembi com lotação esgotada e conhecer a popularidade desse grupo. Me diverti muito com eles, fui recebida com muito carinho por todos, artistas, músicos, a equipe japonesa e brasileira. Eu participei da gravação do DVD gravado aqui tocando Churrasco que eles fizeram em homenagem ao Brasil, uma música alegre, divertida, toquei também uma canção linda chamada Kikyou e cantamos juntos Trem das Onze. Eles voltarão em novembro de 2015 e temos planos de fazer coisas juntos e gravar algo que será surpresa!!! em breve…

Seu CD Salve Lua está a venda no Japão através do site Amazon. Tem projetos de se apresentar no arquipélago?
O CD e DVD estão a venda também no Japão no Itunes, no HMV e também na loja Disk Union. Espero levar esse show pro Japão em breve. Essa parceria com o Beguin também será uma boa oportunidade de divulgar meu nome e minha música por aí e já estamos organizando essa possibilidade.

Já se apresentou no exterior?
Esse show por hora está viajando o Brasil e já foi feito na Argentina. Mas acredito que volto prá mais um tour na Argentina e também tenho que organizar uma agenda pra Europa e Estados Unidos.

Entre tantos shows durante sua trajetória artística, tem algum que foi inesquecível?
Minha trajetória musical me proporcionou lindos momentos, lindos e inesquecíveis como o Revéillon da Paulista , umas das maiores festas do mundo onde toquei pra 3 milhões de pessoas, poucos artistas no mundo podem dizer isso e é uma loucura pensar que fiz isso. Gravar o DVD da Hebe (Camargo) também foi um momento lindo, dividir o palco com essa mulher tão iluminada e que era tão carinhosa comigo ficou marcado pra mim. Tenho até hoje uma pulseira maravilhosa que ela me deu com uma mensagem linda escrita em um papel em forma de coração. Guardo com muito amor. O show da gravação do DVD 10 anos também me marcou muito , porque foi olhar pra trás e ver o resultado de uma história de 10 anos, uma história linda e vitoriosa. Mas confesso que me lembro de todos os shows que fiz na minha vida, todos estão no meu coração.

Quais as prioridades nesse momento?
No momento minhas prioridades são: cuidar e me dedicar a esse momento do meu projeto solo, o Salve Lua, preparar o novo show da Barra da Saia e novo single, terminar um CD que estou gravando com dois parceiros e compositores incríveis, o pantaneiro Guilherme Rondon e o caipira Rafael Altério e preparar um CD que lançarei em 2016 que é surpresa….

Para encerrar, alguma novidade para os fãs?
A novidade é que vem aí um projeto de um programa de TV e lançarei algo em 2016, mas que será um CD de resgate de um cancioneiro tradicional para um projeto específico que não posso contar ainda (hehehe) e também aguardem a música que gravarei em parceria com o Beguin. Será um encontro ímpar juntando japonês com português e instrumentos brasileiros com japoneses.

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Gostaria de deixar agradecimentos em especial?
Quero agradecer meu selo o 11:11 e a distribuição da Radar Records e mais uma vez aos meus produtores Bosco Fonseca (baixo) e Edson Guidetti (violão e guitarra) que embarcaram nesse sonho comigo. O artista nunca está só, ele não faz nada sozinho, ele existe porque tem pessoas criando junto e ai sim a magia acontece por isso faço questão de citá-los e a todos os queridos artistas músicos que participaram do meu CD, Adriano Busko, Lulu Camargo, Thiago Rabello, Luiz Rabello, Thais Duarte e Simone Julian. Deixo aqui meu carinho infinito aos meus fãs e aos novos que estão me conhecendo agora. Quero mandar um abraço apertado daqui do Brasil a todos os brasileiros que estão aí no Japão, batalhando, vivendo e sonhando, espero levar a vocês através da minha música, um pouco do calor do nosso Brasil e de suas famílias que estão aqui. Arigatô Cleo e a todos da Rádio Shiga.
Minha gratidão a todos vocês. Somos Todos UM!

Website: http://www.adrianasanchez.com.br
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Facebook: https://www.facebook.com/adrianasanchezsanfoneira

Da Redação by Cleo Oshiro

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