Vinicius Sadao: DuoCore e a Magia do Shamisen. Os amigos Vinicius Sadao Tamanaha/ 29 anos e Adriano Gorni/ 30 anos, ambos de São Paulo, estão com um projeto onde misturam os sons do Teclado com o Shamisen, criando uma harmonia muito interessante entre esses dois instrumentos. Vinicius Sadao vai contar sobre seu interesse pela cultura japonesa, em especial pelo Shamisen e o projeto Duocore em parceria com o Adriano.
Formados na mesma turma em Composição Musical pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alem do Shamisen, Vinicius toca violão clássico e Adriano, o piano clássico.
Vinicius, o interesse em estudar a cultura japonesa aconteceu por ser descendente?
Não. Eu nunca tive uma educação familiar sobre cultura tradicional, o interesse surgiu aos 16 anos, quando fazia uma pesquisa sobre música do mundo todo. Era uma preparação para prestar o vestibular para o curso de músico, e foi nessa busca que encontrei a música de Shamisen. Quando descobri o Shamisen me deu um “clique mental” e me identifiquei com aquela música, passando a me envolver com a cultura japonesa de uma maneira mais ativa.
Sempre gostei de música instrumental e o Tsugaru Shamisen me soava com um universo de possibilidades, além de ser muito desafiador toca-lo.
Quais as diferenças entre o Shamisen e o Sanshin?
Muitas vezes o Sanshin é chamado de Shamisen, o que causa uma certa confusão. Quando iniciei meus estudo em música japonesa, foi através do Sanshin, e passado alguns anos migrei para o Tsugaru Shamisen.
Tecnicamente falando, são instrumentos totalmente diferentes um do outro. Existe uma diferença com as escalas, técnicas de tocar com a mão direita, os dedos usados da mão esquerda, sendo que cada instrumento tem seu próprio repertório, e são até cantadas em línguas diferentes.
Como estudioso do assunto, qual a origem real desses instrumentos?
O Shamisen veio da da China e foi transmitido para Okinawa e depois de Okinawa ao Japão em torno do século XVI. Okinawa era um reino independente chamado de reino de Ryukyu, sendo assim, um “país” diferente do Japão na época, cada um com sua língua, cultura e gosto musical. E essa diferença persiste na música até os dias de hoje, mesmo depois de Ryukyu ter sido anexado pelo Japão e ter se tornado a província de Okinawa. O Shamisen dentro do Japão logo ocupou diversas castas sociais e gêneros, desde músicas formais e eruditas até músicas populares e folclóricas.
Conhece a lenda sobre a criação do Sanshin – Akainku (O Filho do Cão Vermelho)?
Me contaram quando estava aprendendo a tocar Sanshin. É interessante, pois na cultura da tradição oral, fatos históricos e poesia se misturam.
Já esteve no Japão?
Em 2012 estive em Okinawa, através do programa de bolsa de estudo pela cidade que sou descendente, Nishihara-cho
Minha família é de Okinawa, tanto na parte de avós paternos, como maternos.
Tem algum artista na cultura japonesa, por quem tem uma admiração especial?
Essa é uma pergunta extremamente difícil, mas alguns dos artistas que admiro seriam:
Toru Takemitsu, um compositor erudito contemporâneo, o qual meu trabalho de TCC foi sobre.
Juri Ueno, uma grande atriz, assisti muitos doramas por causa dela.
Begin, uma banda de Okinawa que me influenciou a tocar sanshin e me fez entender através de suas músicas sobre a minha descendência Okinawana.
Wagakki Band, em especial a tocadora de shamisen dessa banda, Beni Ninagawa. Ela possui uma trajetória muito interessante
Não curte Animes e Mangás?
Minha infância inteira foi cheia de Animes e Tokusatsu, assistia todos os dias depois da escola. Depois em uma fase mais adulta assisti muitos Doramas. Atualmente assisto alguns canais no youtube japoneses e para ser sincero não acompanho muito Animes e Mangás.
Vamos falar agora sobre o DuoCore. Como nasceu esse projeto?
Eu e o Adriano, havíamos nos formado na faculdade a alguns anos e cada um estava produzindo vídeos e músicas individualmente. Mantínhamos contato sempre e depois de um tempo decidimos produzir um vídeo clip (Glad you came) sem grandes compromissos. O resultado foi tão bom, que resolvemos formalizar a parceria.
O nome Duo Core, surgiu como um trocadilho do processador de computadores DualCore, afinal estamos diretamente ligados e influenciados pelo internet, tecnologia e em especial pela produção para o youtube. Nos identificamos com esse nome.
Além do duo vocês fazem outro trabalho paralelo??
Sim. O Adriano realiza produção musical solo, produção de vídeos institucionais e trilha sonoras. Além do ensino de musicalização infantil.
Eu faço apresentações de shamisen solo e participo de uma banda de J-pop chamado banda DEAI.
As músicas do duo são composições próprias?
Não. São 50% de músicas próprias e 50% de covers.
A musica After Rain tem uma história especial?
É engraçado dizer como as músicas surgem, nos representa e tem sua própria aura. Essa música foi feita por mim em 2012, mas havia se perdido em meus arquivos pessoais. Quando o DuoCore precisava de uma música para fazermos um vídeo, resgatei ela e mostrei para o Adriano. Ele gostou de imediato e fez todo o arranjo, dando vida a aqueles rascunhos.
After Rain representa aquele sentimento ou sensação de paz e esperança depois de uma forte chuva. Quando o céu pesado se desfaz e os raios de sol e o azul do céu aparecem. Dentro dessa metáfora, essa música representa o momento da minha carreira artística, onde um ano atrás tive que romper com parcerias de longa data e tudo era turbulento, mas depois da tempestade vem a calmaria, e é nesse estado que me encontro agora, onde tive que me reinventar e fazer novas parcerias como o DuoCore.
No dia da gravação desse clip, por ironia do destino choveu e tivemos que cancelar. Marcamos para gravarmos na semana seguinte…”depois da chuva”.
O clip I Love Rock n´Roll- The Arrows , ficou muito gostoso com a participação de um grupo de dança.Quantos clipes vocês lançaram até o momento e quanto tempo leva para que cada um deles sejam produzidos?
Sim, foi muito positivo a participação do grupo de street dance Freedom Style. Estamos buscando cada vez mais fazer parcerias com outros artistas, sejam músicos, dançarinos ou atores. Até o momento lançamos 4 clips e temos mais 2 em fase de produção.
Geralmente a produção de um clip, demora 2 meses para ser concluído, contando do início da ideia até seu lançamento. Mas quando há parcerias envolvida, ele pode demorar até 3 meses para ser finalizado.
Já aconteceu de ter problemas em relação as gravações, afinal elas são realizadas em lugares públicos ?
Na própria música I Love Rock’n’Roll, tivemos problemas de gravação. Estávamos filmando na calçada da Avenida Faria Lima, um centro financeiro importante em São Paulo e erámos constantemente impedidos pelos seguranças dos prédios comerciais, mas com jogo de cintura e negociações conseguimos terminar nosso trabalho.
Quais são as expectativas em relação ao DuoCore?
As melhores possíveis, estamos animados, mas estamos apenas começando, afinal o projeto não tem nem um ano e a cada vídeo que produzimos, a cada apresentação, mais portas se abrem, o que nos deixa muito otimistas, mostrando que estamos no caminho certo. A cada vídeo estamos aperfeiçoando nossa técnica e buscando um maior entrosamento, afinal temos como objetivo, oferecer o nosso melhor para o público.
Fanpage: www.facebook.com/DuoCoreFanPage
Youtube: www.youtube.com/DuoCoreMusic
Blog especializado em Shamisen: www.ShamisenBrasil.wordpress.com
Da Redação by Cleo Oshiro
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