Majestic: A Mistura fascinante dos estilos musicais. Caio Bernardes – São Paulo – SP, Carlos Costa – São Paulo – SP, e, Samira Audi – Conchas – SP, esses são os integrantes da Banda Majestic. Minha conversa vai ser com o Caio, que é músico, produtor e idealizador do Majestic, onde ele desenvolve, em parceria com os outros integrantes, um lindo trabalho da música eletrônica com a sonoridade da MPB numa fusão incrível de vários estilos.
Caio, a Banda Majestic era um duo anteriormente, onde você e o Carlos Costa formavam o Dub Majestic. Quando a Samira Audi entrou no projeto?
A Samira tinha acabado de sair de uma banda quando aceitou o meu convite pra vir cantar no Majestic. Eu e o Carlos já trabalhávamos em algumas bases, e eu e a Samira estávamos conversando sobre musica na internet, onde nos conhecemos. Foi ai que tudo aconteceu.
A influência na época do Dub era do somdub jamaicano, do reggae?
Sim, pois nós temos uma história em comum, todos viemos do Reggae. A princípio a intenção era fazer reggae e trabalharmos com dub, mas o som foi se modificando e tomando outra forma por causa de nossas influências.
Antes do Dub Majestic, o Carlos era guitarrista do Manga Rosa, e você foi integrante do Sensimilla Dub e Aurora69. E a Samira?
A Samira, iniciou sua carreira cantando em corais ainda no interior de SP, quando se mudou pra São Paulo – Capital. Ela fez parte de algumas bandas de reggae como Alma Zion e Expressão Reguera.
A Samira além de cantar, é compositora. É ela quem compõe todas as músicas da banda?
A grande maioria. No album Sambass, tem uma das musicas que a letra é do Carlos Costa, “Nuvens”.
O Dub Majestic era uma referência para os fãs de break´n bass, steppa, jungle, dub, roots e dubstep, onde quebrava barreiras com suas batidas eletrônicas. O público continua o mesmo com o Majestic?
O Dub Majestic já começava a ser referência para os apreciadores de reggae, dub, steppa e Dubstep. Com a mudança do som , incorporando o Drum & Bass, Jungle, o publico se ampliou, somando os antigos com os novos fãs tanto da musica eletrônica, como da musica brasileira.
Cada um de vocês tem sua bagagem musical própria que se completou de uma maneira perfeita ao se unirem nesse projeto. Qual a função de cada um de vocês na banda?
A Samira Audi faz as letras e algumas composições que viram bases(instrumentais) programadas por mim, Caio e pelo Carlos. As harmonias são feitas complementando as melodias vocais com o violão e guitarra orgânicos.
De onde vem a influência particular de cada um de vocês?
Caio: Jazz, Reggae ,Rock, MPB, Música Eletrônica, Psicodélica; Samira: Bossa Nova, Samba, Jazz, Blues; Carlos: Jazz, Música Erudita, Música Eletrônica, Mantras, World Music.
Foi um processo natural, quando o Majestic deixou de fazer um trabalho mais segmentado no reggae, dub, steppa e passou a assumir todas as influências de seus integrantes, além disto a sonoridade se firmou com a implantação da musica brasileira como o samba e a bossa nova.
Vocês fazem uma mistura incrível de sons de vários estilos da música eletrônica, com uma mixagem do que o Brasil tem de melhor em relação a musicalidade. Vocês são os únicos a fazer esse tipo de som no Brasil?
Atualmente existem alguns produtores que também misturam música eletrônica a brasileira como XRS Land ,Kaleidoscópyo (Ramilson Maia e Janaina Lima), os irmãos Drumagick ,Dj Patife e Dj Chico Correa.
Esse projeto do Majestic, foi uma forma encontrada de mostrar para a nova geração o que temos de melhor na cultura musical, mas com um formato moderno e assim atingir esse público jovem de uma maneira mais descontraída?
Sim, é um resgate das raízes da cultura musical brasileira colocado através de uma linguagem mais contemporânea e aceita mundialmente que é a musica eletrônica, com isso muitas pessoas da nova geração tem contato com essa cultura de raiz e com grandes compositores brasileiros do Samba e da Bossa Nova.
Onde costumam se apresentar?
Em Clubs, Festivais (Virada Cultural, Deu Jazz na Pompéia, Feira de artes da Pompéia) eventos sócio culturais, ocupações de espaços públicos com coletivos de arte etc…
Majestic faz um mix de Samba+Bossa+Eletrônica+Universal. Resumindo, é a música de raiz brasileira dentro da eletrônica mundial?
Sim e muito mais além como misturar: Jazz, World Music com a musica brasileira e Eletrônica.
Qual o show da banda que marcou de uma maneira especial?
Uma apresentação no Centro Cultural São Paulo(CCSP), em um show de músicas autorais e músicas de Marcelo Yuka, ex-letrista e baterista da banda Rappa, com a presença do mesmo, em um evento sobre acessibilidade e atenção as pessoas com deficiência.
Em 2014, vocês participaram do projeto AMARiana, numa iniciativa em prol do AMOR. Esse projeto gerou frutos?
Sim , esse projeto foi o inicio da revitalização da praça que sediou o evento que estava abandonada e hoje está linda e abriga semanalmente shows, exposições e outras ações.
Quando aconteceu o primeiro álbum do Majestic? Mas gravaram um EP também?
O primeiro álbum foi ainda como Dub Majestic, com a participação de outros vocalistas e lançado em 2011. O EP “Suficiente”, já com a Samira Audi assumindo definitivamente os vocais, foi lançado em 2012 pelo selo Noudrags Records. O album “Sambass” que representa a sonoridade atual do Majestic, foi lançado em 2014 por um selo europeu Dan Dada Records e distribuídos por plataformas on line como: Itunes, Spotfy,Beatport e Amazon.
Vocês participaram de várias coletâneas e parcerias?
O Majestic participou de várias com as Netlabels Dan Dada, Fresh Pulp e Noudrags, dedicadas a todas as vertentes da Bass Music.
O album Sambass é todo autoral, com todas as letras da Samira Audi, exceto “Nuvens” de Carlos Costa e participações especialíssimas dos musicos: Vinicius Sampaio (violão e cavaquinho) e Eryx Dubb (Percursão) e Arturo Dinardo “Piu”(teclados) e masterização de Bruno De La Mola do Bandulu Dub.
Caio, como você vê o momento musical no Brasil?
Eu vejo com muita apreensão, pois acho que é o espelho da sociedade que vivemos e isso me assusta muito, não é a toa que vemos o povo cada dia mais manipulado por uma mídia que serve aos interesses de uma minoria(Brasil), tenho uma teoria que isso foi um grande esquema, um plano que vem sendo posto em pratica por anos, pois em um tempo que se lia muitos (livros) que se escutava Chico Buarque, Caetano Veloso, que tínhamos filmes de Glauber Rocha, Bruno Barreto nos cinemas, novelas como “O Bem Amado” entre outras obras primas, que tínhamos como heróis homens do calibre do advogado Sobral Pinto, não havia contexto pra uma manipulação como estamos vendo, gente cega de preconceito e ódio até rolava, mas não na sua maioria como vemos hoje em dia, e é essa a nossa preocupação, resgatar a cultura, trazer de volta o habito de pensar, questionar antes de se posicionar, o direito de pensar, livre de dogmas e pré-conceitos que não vemos mais hoje em dia, pois um povo culto é mais difícil de se manipular e enganar.
Não causa uma certa decepção de ver tanta coisa ruim na mídia sendo valorizada, enquanto artistas talentosos, comprometidos com a música de qualidade não tem acesso a esse mesmo espaço, onde deveria ao menos valorizar as diversidades de gêneros?
Essa tendência da industria da música de massificar poucos estilos musicais é que impede o acesso à música de conteúdo mais elaborado, a música comercial, de entretenimento deve ter seu espaço, mas todos devem ter a disposição também à composições que façam refletir, informar e formar opiniões mais relevantes.
Para encerrar. Alguma novidade ou projeto em estudo para esse ano?
Sim, o Majestic já está preparando um novo álbum e consequentemente um novo show com previsão de lançamento para o inicio de 2016.
Da Redação by Cleo Oshiro
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