O cientista brasileiro Daniel Franco, do Observatório Nacional, embarcou dia 28 para a Austrália, onde participará de expedição internacional para investigação da história e da dinâmica da Terra, a partir do registro de sedimentos do oceano.
Para Franco, único brasileiro que integra a expedição, entre pesquisadores de 11 países, a oportunidade ”é um privilégio e uma honra, ao mesmo tempo”. A ideia é tentar verificar o registro do campo magnético nessa coluna sedimentar, porque “quanto mais fundo, mais para trás no tempo se vai”, acrescentou.
Ele observou que, do ponto de vista científico, será uma oportunidade de expandir as linhas de pesquisa vigentes no Observatório Nacional, na área de geomagnetismo, e abrir nova fonte de estudos em paleomagnetismo, que é o registro do campo magnético da Terra no passado geológico profundo.
Os pesquisadores ficarão baseados em um navio-laboratório a noroeste da plataforma australiana. De lá, vão furar o assoalho oceânico, de onde recolherão testemunhos cuja magnetização será objeto de estudo para entender como o campo magnético da Terra variou entre milhões de anos. Daniel Franco entra na expedição no dia 1º de agosto. Sua saída está prevista para 30 de setembro.
O International Ocean Discovery Program é o mais longevo programa internacional em ciências da Terra, com 50 anos de existência, e faz pesquisas relacionadas à dinâmica do planeta, a partir dos oceanos. Segundo Franco, a região alvo da Expedição 356 é vinculada a um processo de circulação oceânica muito importante para a distribuição de calor para o globo, por meio de correntes marinhas.
Franco explicou que o registro desses ciclos climáticos que alteram as correntes marinhas fica depositado em sedimentos no fundo dos oceanos. “A ideia é tentar identificar qual é a escala temporal em que esses ciclos operam e como eles influem nas correntes.” Outro interesse é no estudo do comportamento do campo geomagnético da Terra, que varia no tempo e no espaço. O campo magnético da Terra protege as pessoas de radiação de alta energia, nociva à vida. Daí o interesse em estudar essa área, que é importante para entender como o campo magnético mexe nos ecossistemas, disse ele.
O Observatório Nacional, órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sediado no Rio de Janeiro, estuda medidas do campo magnético da Terra, por meio de observatórios magnéticos, desde 1915. A partir dessa expedição, Franco acredita que se conseguirá, com o tempo, montar um laboratório especializado para pesquisas em paleomagnetismo, a exemplo do que é feito no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).
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