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sexta-feira, 22 novembro, 2024 12:13: pm
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Será que a Miss Japão não é “suficientemente” japonesa?

Depois de conquistar o título, choveram críticas sobre a coroa de Ariana Miyamoto: no Japão, há muitos que consideram que a jovem não tem traços japoneses “suficientes” para representá-los.

Filha de mãe japonesa e pai afro-americano, Ariana Miyamoto é uma hafu (do inglês half, metade) – um termo que designa os mestiços. Embora nascida e criada em Nagasaki, no Japão, a jovem está a ser acusada de não ser uma boa representante para o país, uma vez que os seus traços “diferentes” e a tez escura estão longe da mulher japonesa tradicional – com pele branca, considerada de “japonês puro”.

“Às vezes, devido aos seus traços atraentes, os hafu não são tratados da mesma forma que os seus colegas nativos”, explica o site noticioso Rocket News 24. “Eu sou japonesa, mas no Japão se parecere estrangeira, não é aceito como japonesa. Mas eu sou 100%”, declarou Ariana ao Daily Mail, revelando que na escola, os colegas lhe atiravam lixo e que sempre se sentiu inibida por ser “diferente”. Pelos visto, anos depois, o  “bullying” prossegue: pelo Twitter e outras redes sociais multiplicam-se os comentários mais violentos, chegando um usuario a escrever que Ariana tem “demasiado sangue preto a correr em suas nas veias”.

Mas nem tudo é negativo, já que Ariana tem também uma enorme comunidade de fãs a defendê-la. “Ter uma diferente etnia dentro de você não te faz menos japonesa! Não ligues à discriminação”, defende uma das admiradoras no Facebook oficial da modelo.

Jeff Kingston, professor de Estudos Asiáticos da Temple University de Tóquio, citado pela CNN, explica que apesar de o Japão ter “abraçado” e recebido bementertainers e atletas, Miyamoto é a primeira a ultrapassar a barreira da beleza”, daí a controvérsia. “Isto envia uma mensagem positiva sobre a evolução do Japão para o resto do mundo.”

“Não tenho qualquer problema em ser hafu e aceito-me como hafu”, declarou a jovem modelo, que tem a cantora norte-americana Mariah Carey e o seu papel no filme Glitter (2001) como exemplo no combate à discriminação.

Antes do concurso de beleza Miss Universo, a jovem modelo – que fala fluentemente japonês e estudou a cultura japonesa – vai ter treinos de preparação para as várias provas. “Quero dizer ao mundo que mesmo sendo hafu posso representar o Japão”, declarou.

publico.pt

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