O português é cada vez mais popular e países das várias latitudes mostram interesse em programas de ensino da língua, casos da Turquia, Namíbia, República Checa ou Noruega, segundo a diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).
“O português e o IILP estão na moda e espero que seja uma moda muito longa”, afirmou à Lusa Marisa Mendonça, responsável do instituto, um organismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As duas organizações realizaram hoje em Lisboa um seminário com o tema “Projeção Internacional da Língua Portuguesa: presente e futuro”.
Os países da CPLP abrem novas possibilidades de negócios, nomeadamente na área dos recursos naturais, como o petróleo e o carvão, disse a responsável, que exemplificou que a Noruega já manifestou interesse na aprendizagem do português “ao nível das ciências petrolíferas”.
Namíbia e Turquia, que a par do Japão e da Geórgia foram admitidos como observadores associados da CPLP em julho passado, são outros Estados com os quais o IILP está a preparar atividades concretas para promoção do português. Na Namíbia, por exemplo, já há mais de mil alunos a aprender a língua no ensino primário e no secundário, em 21 escolas.
Na República Checa, que está “a fazer o seu percurso para se tornar observador associado” da comunidade lusófona, há cinco universidades com licenciaturas e mestrados sobre língua portuguesa.
No seminário, a diretora executiva, em funções desde outubro passado, vai fazer um ponto de situação dos projetos que o IILP tem a decorrer e que tiveram início na anterior direção, a cargo do brasileiro Gilvan Müller de Oliveira: um deles é o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira, que reúne recursos didáticos online.
Em breve, a plataforma vai receber também conteúdos de português como língua de herança, destinados aos descendentes de emigrantes lusófonos na diáspora, que já se exprimem na língua do país de acolhimento.
Hoje foi apresentada em Lisboa, na sede da CPLP, a plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), que integra os vocabulários nacionais de Portugal e do Brasil e deverá incluir em breve os de Cabo Verde, Timor Leste e Moçambique, que estão concluídos e que foram um “trabalho pioneiro” nestes países.
Marisa Mendonça reconheceu que os diferentes membros da CPLP têm ritmos diferentes neste processo, com Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau ainda “em fase de concertação e de desenvolvimento” dos seus vocabulários nacionais, mas destacou o “grande apoio financeiro” de Luanda, que viabilizou o projeto.
“É um trabalho intemporal que se vai manter ao longo dos anos, porque as palavras são os elementos da língua que mais mudanças sofrem”, destacou a diretora executiva do instituto.
Em breve, a plataforma VOC vai também receber terminologias científicas, um projeto que será desenvolvido este ano, anunciou.
Quanto à Guiné Equatorial, país que aderiu como membro de pleno direito à CPLP em julho passado, a responsável recordou que o IILP tem um “protocolo imenso” com as autoridades nacionais, que demonstram “muita disponibilidade” para a implementação do português naquele país, onde o castelhano é o idioma mais falado.
A direção do instituto deverá acordar, ainda no primeiro semestre deste ano, um plano de ação para cobrir as várias áreas previstas, que abrangem, além do ensino, a preparação de programas televisivos, a formação de funcionários públicos e a tradução da documentação da administração pública para português.
Questionada sobre a falta de financiamento do IILP por parte de alguns membros da CPLP, um problema que tem afetado o trabalho do organismo, Marisa Mendonça disse que “ainda é um assunto por resolver”, mas adiantou que tem contactado os vários países e disse ter “muita fé de que brevemente a situação será revertida”.
A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste.
revistaport.com
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