Foto de cigarros, no dia 25 de setembro de 2014, em Paris
A diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu, nesta quarta-feira, uma reação internacional para forçar a indústria do tabaco a “fechar as portas”, comemorando o progresso na luta contra o tabagismo em vários países.
Falando na conferência mundial sobre “o tabaco ou a saúde” em Abu Dhabi, Margaret Chan, diretora da OMS, saudou medidas tomadas por diversos países – como a Austrália, pioneira na adoção de embalagens neutras para os cigarros – e convidou outros países a seguirem estes exemplos.
Os fabricantes de tabaco “usam todo tipo de tática, como o financiamento de partidos e políticos para que eles trabalhem em seu favor”, disse Chan a jornalistas.
“Este vai ser um combate difícil […], mas nós não devemos desistir até que a indústria do tabaco feche as portas”, ressaltou Margaret Chan, já que quase metade dos fumantes atuais morrerão em decorrência de doenças ligadas ao tabagismo, segundo os organizadores da conferência.
De acordo com a OMS, o tabagismo mata uma pessoa a cada seis segundos – quase seis milhões de pessoas mortas em todo o planeta todos os anos. Ao todo, o tabaco poderia matar um bilhão de pessoas ao longo do século XXI, estima a organização.
Apesar da diminuição no número de fumantes em diversos países, ainda há muito a ser feito na luta anti-tabaco para atingir ao objetivo de reduzir em 30% o consumo até 2025, informaram os participantes da reunião.
“Graças especialmente a medidas legislativas, o tabagismo caiu em diversos países”, disse Chan, citando o último relatório da OMS, segundo o qual a proporção de homens fumantes diminuiu em 125 países.
Os não fumantes “passaram a ser a regra”, comentou a diretora, dizendo-se “muito contente de ver este progresso em muitos países”.
Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, em Cingapura, no dia 10 de fevereiro de 2015
Ela convidou os países produtores de folhas de tabaco a “agirem mais rapidamente” para combater o tabagismo, em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a OMS.
A conferência de Abu Dhabi, iniciada na noite desta terça-feira, deve discutir durante cinco dias as relações entre tabagismo e doenças não-transmissíveis (câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas).
“O tabaco é um dos maiores fatores de risco [para estas doenças], em particular para o câncer”, insistiu Chan.
Em matéria de prevenção, ela afirmou que as “embalagens neutras funcionam”, parabenizando as medidas adotadas por Austrália, Irlanda e Reino Unido, apesar “das ameaças [da indústria] de travar longas e caras batalhas judiciais”.
“Mais de dez países estudam” tomar medidas similares, ressaltou Chan, citando Burkina Fasso, Nova Zelândia, Chile, França, Panamá, Noruega e Turquia
AFP
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