Murilo Silvestrim e a beleza do álbum Prisma.

Murilo Silvestrim, músico, cantor, violonista, é um dos compositores mais atuantes na cena da música autoral do sul do país. O curitibano lançou seu primeiro CD chamado “Prisma”, com participação de 15 músicos ativos na cena independente da cidade e com shows que passaram pelo teatro Paiol, Ave Lola espaço de criação, Sesc Paço da Liberdade entre outros locais culturais da cidade. O CD contem oito canções autorais, e conta com a parceria do irmão, Ju Silvestrim  na faixa “Junqueira”.

Murilo escolheu as 8 canções que fariam parte do disco, entre as mais de 300 compostas por ele nos últimos cinco anos. O show de lançamento do CD “Prisma” aconteceu em setembro de 2016 no Teatro do Paiol. O cantor mergulhou desde cedo nos poemas e se apaixonou pelas canções.

Com letras inteligentes e motes baseados no amor e nas relações interpessoais nasce “Prisma”, onde Murilo buscou inspiração na sua infância, nos relacionamentos, na família e nos pequenos prazeres. O “Prisma trabalha a ideia de que todas as pessoas são diamantes que difundem sua luz por onde passam, influenciando e recriando sentidos e direções.

A partir de instrumentações densas e muito variadas, um material orgânico e simples
com arranjos belos e poética profunda, propondo um mergulho num rio corrente para
um mar desconhecido, mas de beleza rara e brilhante. No momento se dedica à pré- produção, composições e arranjos de seu segundo CD chamado “Encontrar”.

Foto by: Cido Marques

Tem parcerias com vários músicos curitibanos, como Liane Guariente, Oswaldo Rios, Guilherme Silveira, Lucas Franco, Helena Sofia, Cassiano Wogel, entre outros.

É formado em Música Popular pela UNESPAR e em Produção de Áudio e Video pelo IFPR. Atua como educador musical, professor de violão, produtor musical, compositor e músico integrando diversos projetos artísticos, como a OLA! – Orquestra Latino-americana, que têm um trabalho político com canções latinas e difusão da cultura latino-americana, e o Trio Saíra, projeto com os músicos Oswaldo Rios e Guilherme Silveira que trabalha composições com enfoque mais lúdico e voltado à crianças.

Além disso, é curador e produtor do evento Sarau Sazonal, que promove apresentações de música autoral e independente de forma mais orgânica propondo um contato íntimo entre público e artista e a relação da música com outras manifestações artísticas.

Sobre o álbum, Murilo diz: “Prisma” veio de um raio de luz que entrou pelo vão do blackout do quarto. Sou acordado por uma explosão de cores projetada, a antiga sala de cinema do tempo distorcido. O raio de luz se decompõe no vidro do aquário, fixando na lembrança uma imagem onírica. As paredes e a cama brilham intensamente no ritmo da água tremeluzida pelos peixes. As cores me derretem, são tintas a correr pelas minhas veias.

Foto by: Anna Clara Petracca

De repente explodem minha pele em montes de pássaros a costurar o mundo das ideias, soando os sinos do mais profundo abismo da alma. De repente me faço absoluto durante alguns segundos. Uma coragem dos ossos inflama meu tutano. Meus olhos escuros chicoteiam o mundo.

Penso que devo fazer um disco. Penso que a vida se faz nos outros. Que os sentimentos e suas policores radiantes pintam som num mundo paralelo ao nosso, a dimensão sensorial onde habitam os sentimentos. Sou transportado para lá. Me faço desse mundo. Pequenas gotas flutuam no espaço. Nossa partícula divina. A luz nos atinge por todos os lados. Nos trespassa e prisma nosso sentimento nos outros. Nada mais interessa, para além do toque supremo das almas espelhadas.

Chovemos sobre os outros em torrentes cósmicas, em tempestades siderais. Tudo é vibração no espaço. Rasgam o céu os raios de imensa vivacidade e movimento. Dançam com a graça de um animal selvagem. As pessoas deixam rastros. Num barco de raízes trançadas, flutuo nos traços de alguém, num rio transparente em lugar nenhum. Há um ponto de convergência, um centro de atração gravitacional. A música começa a penetrar minha tinta. Sorrio em minhas cores. Estou chegando em casa. Adormeço sem medo e deslizo suavemente pra outro lugar. Quero me encontrar e chegar ao fim. Adeus casa de verão.

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Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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