Cristã condenada à morte no Paquistão tem apelo adiado. Uma mulher cristã, paquistanesa, que está no corredor da morte por blasfêmia, teve seu apelo adiado depois que um dos juízes se recusou a ouvir o caso.
O juiz citou um possível conflito de interesses no caso de Asia Bibi.
Centenas de policiais foram enviados em torno do Supremo Tribunal na capital, Islamabad.
A blasfêmia é uma questão altamente sensível no Paquistão – os críticos argumentam que as leis são, frequentemente, utilizadas para acertar contas pessoais, muitas vezes tendo como alvo as minorias.
No ano passado, o Supremo Tribunal suspendeu sentença de morte de Asia Bibi e deu-lhe permissão para apelar.
Uma nova data para a audiência ainda não foi definida.
O juiz Iqbal Hameed ur Rehman, um dos três definido para ouvir o recurso, se absteve de votar, na quinta-feira.
“Eu era parte da bancada que estava ouvindo o caso de Salmaan Taseer, que é relacionado ao caso”, disse ele ao tribunal, informou a AFP.
Taseer era o governador liberal da província de Punjab quando foi morto por seu próprio guarda-costas, em Islamabad, em 2011, depois de falar a favor de Asia Bibi.
Família na clandestinidade
Asia Bibi foi a primeira mulher a ser condenada à morte sob as leis de blasfêmia do Paquistão, e seu caso é um dos mais controversos.
Ela foi condenada à forca em 2010 por insultar o profeta Maomé durante uma discussão com mulheres muçulmanas, que começou por um copo de água. Ela nega a acusação.
Milhares de pessoas protestaram contra ela e disseram que iriam matá-la se ela fosse liberada – incluindo o imã de sua própria aldeia. O marido e as quatro filhas vivem na clandestinidade e dizem ter recebido muitas ameaças de morte.
A sentença de morte de Asia Bibi foi confirmada pelo Tribunal Superior, na província de Punjab, em outubro, embora nenhuma data tenha sido definida.
Correspondentes disseram que a concessão de autorização de recurso por parte do Supremo Tribunal foi o primeiro vislumbre de esperança para sua família.
Seus advogados dizem que o julgamento e o recurso subsequente no Supremo Tribunal de Punjab foram falhos.
O Paquistão nunca executou ninguém por blasfêmia, mas algumas pessoas acusadas do crime foram linchadas por multidões. Advogados, juízes e aqueles que pretendem reformar as leis de blasfêmia também foram ameaçados, atacados ou mesmo mortos.
Desde a década de 1990, dezenas de cristãos foram condenados por profanar o Alcorão ou por blasfêmia.
Enquanto a maioria deles foram condenados à morte pelos tribunais inferiores, muitas sentenças foram derrubadas devido à falta de provas.
Os muçulmanos constituem a maioria dos processados, seguidos pela minoria Ahmadis.
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